O CD novo do Prince, aquele que já foi um símbolo que você nunca conseguirá pronunciar, “Planet Earth” (nome bastante apropriado para as intenções do artista), foi distribuído domingo passado gratuitamente para as três milhões de pessoas que compraram a edição do dia do Mail On Sunday, jornal inglês. Até aí, ok, você já sabe disso.
O que Prince não esperava era que o álbum fosse parar tão avassaladoramente na Internet. O disco virou um hit na Rede, porque acabou sendo uma “edição limitada”, a que saiu no jornal. Basta uma procurada no seu programa preferido de download para ver o que acontece. Milhares de entradas. O NME colocou o disco inteirinho pra download no seu site (“se é de graça mesmo, por que não?”). Prince é o cara. Ele peitou a Warner, rompeu o contrato com a gravadora pouco menos de dez anos atrás, mudou seu nome para o tal símbolo, que ninguém sabe dizer o que é, e agora vem com essa.
Um cidadão chamado Paul Quirk, presidente da Associação Britânica dos Vendedores Varejistas de Entretenimento, chiou, disse que o cantor “insultou as lojas que tanto o apoiaram”. Prince deve estar, assim como eu, rindo dessa declaração. Uma parte da imprensa entrou na onda e comprou a das lojas, dizendo que esse vazamento frustrou o lançamento usual no mercado dos Estados Unidos, que se daria essa semana. Para a pelagada, o tiro saiu pela culatra.
Saiu nada.
Prince inovou, voltou a ficar em evidência. A música? Que se dane! Os shows dele, raros que são, já eram esgotados e procurados no tapa, agora se tornarão ainda mais caros e desejados. Prince é maluco mas não rasga dinheiro. Ele só mostrou pras gravadoras que a saída é dar música de graça – e ganhar a bufunfa com shows. Porque para lançar as músicas, divulgá-las, proliferá-las não é preciso mais gravadora. O artista, que vive de tocar sua música, vai continuar fazendo isso: ao vivo, da melhor maneira. Sobrevivem os mais bacanas. As enganações, essas tendem a ir por saco. Como as gravadoras não são bacanas…
Prince tinha razão. Sinal dos tempos.