TRANSMISSION NO PUMA SOCIAL CLUB – COMO FOI

Eis aqui algo que não se vê todo dia: uma banda que merece ter todas as atenções tendo, enfim, a atenção que merece.

A Transmission, de Porto Alegre, por um acaso bem ajambrado do destino, conseguiu o privilégio de abrir pro maior hype do momento, o ótimo Yuck, atração especial e surpreendente dessa terceira edição da festa Puma Social Club (que já trouxe o Twin Shadow, lembra?). Os britânicos vieram a São Paulo, tocaram e no dia seguinte tomaram o voo de volta.

Um fato que inspirou o Floga-se a fazer uma matéria especial – que vai render outras tantas matérias especiais – sobre essa que pra muita gente era apenas “mais uma banda brasileira abrindo pra um grande nome internacional”. Acompanhamos de perto a Transmission, do aeroporto a um ensaio, dos bastidores ao palco, e posso dizer agora que o privilégio é do Yuck de fechar pra Transmission, o privilégio é do grande público de poder, finalmente, na marra, escutar essa grande banda.

Pode soar um exagero dizer isso, até porque a atração principal fez um show estupendo e tem um disco pra figurar entre os melhores do ano, mas o Yuck tem bem menos tempo de estrada e precisa mostrar mais pra não ficar conhecida como uma banda-de-um-disco-só. A Transmission tem dois EPs (“Endless”, o segundo, é uma necessidade pro seu tocador de MP3 aí), oito anos de carreira e quatro apaixonados por toda a diversão e arte que envolvem a música.

Uma paixão que pôde ser percebida neste show.

Ser banda de abertura nunca é fácil. Ainda mais quando todo o público estava ali pra ver o Yuck, a atração principal. Como não houve venda de ingressos, estavam presentes na União Fraterna (um local inapropriado acusticamente pra esse tipo de evento) muitos jornalistas, blogueiros e fãs, que se desdobraram pra conseguir colocar o nome na lista. Era uma horda de indies e aqueles arroz-de-festa que se interessam mais pelo evento em si do que pelas bandas. Um obstáculo atrás do outro. Som mediano e um público que claramente não estava ali pra ver a Transmission. É compreensível.

Entretanto, provavelmente, essas cabeças se abriram aos gaúchos. Ou deveriam. A banda tocou oito músicas, colocando a distorção e o volume no máximo que a organização permitiu e fez com lisura o trabalho de aquecer os ouvidos pras distorções do Yuck. Ouvidos zunindo são um bom indício de que o show foi como prometido.

É preciso sublinhar que embora as guitarras estivessem no limite permitido e acústica na colaborasse muito, a cozinha com o baixo de Carol Pinedo e a batera perfeita de Felipe Oliveira conseguiu se sobressair à chiadeira e deu um toque diferente à música do Transmission.

Foi uma boa maneira do público ser apresentado ao quarteto, mesmo que a expectativa pelo Yuck fosse alta demais. No final das contas o privilégio da banda brasileira de abrir pro Yuck ou o privilégio dos britânicos abrirem pra Transmission se torna irrelevante. O privilégio mesmo foi da audiência.

1. Tomorrow
2. Althougt
3. Take Off
4. Missing
5. Sometimes
6. Why
7. Whatever
8. Trauma

Abaixo, três vídeos dessa apresentação. Comece com “Tomorrow”:

“Missing”

“Sometimes”

Pra ver mais fotos do show, vá ao coletivo fotográfico We Shot Them e veja as belezas captadas pelas lentes de Bea Rodrigues.

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