Simoon é uma tempestade de areia que ocorre no Saara, Israel, Jordânia e Síria. Segundo a Wikipedia, “a tempestade se move como um ciclone (circular), levando consigo nuvens de poeira e areia, produzindo em humanos e animais um efeito sufocante”, e atinge picos de temperatura de 54ºC. O nome significa “vento envenenado”.
Talvez não haja definição melhor pra qualificar “Simoon”, EP que o quarteto Travelling Wave lança nesse dia 28 de agosto de 2016, de maneira independente.
Thiago Altafini (guitarra e voz), Carol Alleoni (sintetizador e voz), Nathalia Motta Oliveira (bateria) e Vitor Galvão (baixo e sintetizador) imprimem nas quatro canções apresentadas um efeito sufocante no ouvinte. Quatro petardos psych-dark de inclinação satânica, como se ouve na assustadora “Lotus”, a trilha sonora preferida dos trabalhadores acorrentados das altas temperaturas do inferno.
O clima gótico passado nos vinte e um minutos do EP não não dá sossego, desde a abertura “In A Dream”, um pesadelo sonoro de beleza única. “Wind Way” é mais rocker, psicodelia motoqueira rasgada com um vocal do fundo da alma – motoqueiro fantasma, lado B, Cramps em rotação mínima (imagine uma mistura de Cramps com Bauhaus e a neo-psicodelia de um Black Angels produzida num disco 78 rotações sendo executada em 33 rotações). “The Unseen” se propõe, por outro lado, a pisar no acelerador cíclico.
Se “T-Wave”, o único disco da banda, lançado em 2013 (ouça aqui), dava apenas dicas de como o quarteto funcionava dentro do nosso cérebro, “Simoon” cumpre a homenagem do varrer como um ciclone fervente os neurônios acomodados.
É um EP pra ouvir com más intenções, certamente. E sedento pelo próximo disco cheio.
Ouça na íntegra:
O disco foi gravado no Casarão Music Studio, em Piracicaba, interior de São Paulo. A capa abaixo é de Carmela Pereira.
1. In A Dream
2. Lotus
3. Wind May
4. The Unseen