TROLLER – GRAPHIC

Quando toca “Graphic”, a segunda faixa do disco de mesmo nome, lançado em 8 de abril de 2016, consigo ser transportado pra algum canto da memória adolescente, época em que eu enfrentava garagens e subsolos escuros, mal-cheirosos e lotados pra ouvir música “gótica”. Houve esse tempo. E “Graphic”, o disco, representa muito bem tal época, de uma maneira até ampla.

Quem assina o disco é o trio TROLLER, formado em 2010, em Austin, Texas, por Amber Star-Goers (baixo e vocal), Adam Jones (guitarra) e Justin Star-Goers (sintetizadores e bateria eletrônica). “Graphic” é o segundo da carreira deles. O primeiro veio em 2013, “Troller” (ouça aqui).

Embora o que faça de “Graphic” algo sustentável seja o vocal hipnótico de Goers, é o mistério que o trio coloca em cada faixa (como nas instrumentais “Hellscape”, “They Body”, “Dryld” e “Drug Dog”) que instiga o ouvinte. Há faixas pra se dançar olhando pro chão e virado pra parede, e há faixas de melancolia rascante (como “Storm Maker” e a ótima “Nothing”).

Às vezes, a voz de Goers remete à da canadense Katie Stelmanis, do acessível Austra, mas os mais velhos poderão lembrar de Jayne Casey, do Pink Industry. Não importa a referência, quando temos um som que nos agarra como a adrenalina do suspense, caminhando por uma casa abandonada, de riscos à espreita.

O trecho final, com protagonismo dos sintetizadores e uma bateria mais presente e pesada – ouça “Sundowner” (a música “de trabalho” do disco) e “Torch” – segue um caminho mais diverso, como se fosse um alívio pela segurança encontrada. Não há mais medo ou mistério. Há revelação. E celebração. E explosão.

Veja o vídeo de “Sundowner”:

Ouça o disco na íntegra:

Austin sempre foi um bom celeiro de bandas. São de lá o Spoon, o Explosions In The Sky, The Black Angels, Okkervil River, 13th Floor Elevateors, Ringo Deathstarr, White Denim, Lift To Experience e a lista segue. Mas o Troller não se encaixa em nenhum dos estilos que você possa encontrar na lista. A banda vive numa bolha própria, que se aglomera em torno da Holodeck Records, que lançou o disco e é de propriedade de Adam Jones. Eles estão em outras bandas locais também, como S U R V I V E e Thousand Foot Whale Claw.

Mas é com “Graphic” e o Troller que os três conseguem uma repercusão única, envolta em elogios. O disco, produzido por Dylan Cameron, apresenta o que a imprensa subterrânea gringa chama de “darkwave moderno”, num claro esforço de distanciar e se desprender da sonoridade da onda retrô dos anos oitenta. Não se faz necessário, o disco é gótico, dark, como preferir. Mas é o que é. O Troller olha pro passado, mas não é previsível: aqui, o que vale é o clima de suspense.

01. Hellscape
02. Graphic
03. Not Here
04. They Body
05. Storm Maker
06. Dryld
07. Nothing
08. Drug Dog
09. Sundowner
10. Torch

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