Wallace Costa é um caso raro na música brasileira. De Cruzeiro, no interior de São Paulo, mas praticamente um carioca, “adotado” pela turma efervescente de Lê Almeida e sua Transfusão Noise Records, é um artista que literalmente não tem medo de experimentar.
Senão, vejamos esse seu novo projeto, o UM CAMENZIND. Sua carreira solo é baseada num folk psicodélico, lo-fi e faça-você-mesmo. O novo projeto ainda é lo-fi, ainda é faça-você-mesmo, mas está longe daquele voz, violão e efeitos, que nos acostumou a amar.
“É um projeto diferente”, ele avisa, com exclusividade ao Floga-se. “Queria aliviar a cabeça, é um lance de teclados, bem down“.
Pra começar, o nome. Um Camenzind não é algo usual: “o ‘um’ sou eu; e o ‘camenzind’ é o sobrenome de um dos livros do Hermann Hesse. O livro é meio triste (ri)”. “Peter Camenzind” é de 1904 e é o primeiro romance publicado do alemão Hesse.
O disco “Frequencies”, triste, inundado de melancolia, é a junção do conteúdo do livro com sua ideia de fazer um disco apenas com um teclado e outros poucos elementos. As músicas são “antigas”, todas instrumentais e curtinhas. São dez, totalizando pouco mais de dezessete minutos: “a maioria é antiga, tem um pouco do meu trabalho, mas a onda é ser instrumental, porque não consigo encaixar vozes e considero como um instrumental forte e minimal pra ser ouvido com calma”. Como o resultado final não combinava em nada com o perfil musical de sua obra até ali, Costa resolveu assinar o disco com outro nome, dando nascedouro ao novo projeto.
“Porque essa ideia vem crescendo e preciso manter a minha saúde mental (ri) – ou não (ri de novo)”, resume. E completa: “decidi resolver o passado mal resolvido, mas eu vejo que ainda há uma leva de composições que fazem parte desse passado e eu preciso mostrá-las, é complicado, ando tranquilo, mas não posso abandoná-las, não me permito (ri)”.
O disco foi lançado de graça, na Internet: clique aqui pra baixar.
Nele, Wallace Costa toca todos os instrumentos, além de ter gravado e masterizado tudo em casa. “A base do projeto é nas teclas, mas eu também usei outros instrumentos; tem faixa com guitarra e violão, tem violino desafinado (ri); não é brincadeira”, diz – e completa: “é que eu tenho um violino barato aqui, mas não sei tocar; aí eu toquei mesmo assim. É a sinceridade da minha coordenação motora”, diverte-se.
O resultado é algo que lembra a trilha sonora de uma série “misteriosa” e “estranha”, como Twin Peaks, esbarrando em lances de jazz, como em “Mess”, e post-rock.
Wallace Costa fez um vídeo pra cada música e reforçou essa caráter de “trilha sonora”. Assista a todos aqui (“Crooked” chegou antes e está linkado aí abaixo).
01. A Person Leaves The Cave
02. Surviving
03. Hardly
04. Fog
05. Beat
06. We Still Go On
07. Blow
08. Ice
09. Crooked (clique aqui pra ver o vídeo)
10. Mess
Ouça aqui na íntegra:
[…] “Tô numa fase estranha”, ri Wallace Costa, ao me avisar que tinha um vídeo novo, o primeiro do seu novo projeto, o Um Camenzind. […]
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[…] Wallace Costa lançou, em setembro de 2012, “Frequencies”, o primeiro disco do seu projeto Um Camenzind, ele já mandava avisar que em fevereiro chegaria mais um trabalho com a alcunha. Seria um […]
[…] Costa chega ao terceiro registro do seu Um Camenzind. Depois de “Frequencies”, de setembro de 2012; e de “Nude”, de fevereiro de 2013; o artista entrega esse “Sickness”, que […]