UMA NOVA VISÃO: PEARL JAM NO MORUMBI – COMO FOI


Foto: Flávio Moraes (G1)

Em 2005, quando o Pearl Jam esteve aqui pela primeira vez, já era uma banda parruda, pra estádios, e prestes a lançar um disco bem meia-boca, o “Pearl Jam”, de 2006, aquele da capa azul e do abacate.

Seis anos depois, voltando ao Brasil, a banda só adicionou à discografia o álbum de 2009, “Backspacer”. Pouca coisa mudou, teoricamente, a não ser o fato de que ficaram seis anos mais velhos e, segundo as más e afiadas línguas, seis anos mais irrelevantes ou chatos.

Isso até subirem ao palco. No dia 3 de novembro, com um Morumbi meia-bomba de público, os relatos são de que o show não funcionou. “A banda estava ‘presa'”, disseram por aí. Era o show extra. No dia 4, o primeiro anunciado nessa turnê brasileira, que esgotou os ingressos em questão de dias, a história foi diferente, pelo menos é o que conta Bea Rodrigues, vocalista do Mavka e fã declarada de Eddie Vedder e asseclas.

O breve relato que você vai ler a seguir é algo desmistificador das próprias opiniões do Floga-se com relação a essa nova passagem do Pearl Jam pelo Brasil (cuja turnê ainda não se encerrou – a última apresentação será dia 11 de novembro, em Porto Alegre – e cujo show de Curitiba também será analisado numa “nova visão”): achava essa turnê exagerada e desnecessária. Mas Bea e muitas outras pessoas, fãs xiitas ou não, apreciadores de música boa simplesmente, me mostraram que o pulha irrelevante nessa história sou eu. Faz todo o sentido, oras. E é só ver a envergadura do setlist abaixo.

O Pearl Jam, é preciso admitir, é uma baita banda.

Fui Renovada
Por Bea Rodrigues

Eu vou ter que começar falando sobre o Peter Gabriel.

Porque a última música que tocou antes do Pearl Jam entrar – e depois de um show incrível da banda de abertura, X – foi a versão do ex-Genesis pra música do Arcade Fire, chamada “My Body Is A Cage”. Pra quem não conhece a música e não tiver a oportunidade maravilhosa de escutá-la agora, ela envolve o timbre grave do Peter Gabriel e um crescendo de uma orquestra.

A música ser linda e um crescendo, com a visão – da grade da pista, imediatamente embaixo do Eddie Vedder e do Jeff Ament – do Morumbi cheio. Enchendo sem parar. Sessenta e oito mil pessoas entraram no estádio nesta noite e eu duvido que ao menos uma delas não tenha saído “outra coisa”, algo diferente do que entrou.

Tive a sorte de ir aos dois shows do Pearl Jam no Brasil, em 2005 (N.E.: no Pacaembu, em São Paulo, com o Mudhoney abrindo) e agora tive mais sorte ainda por chegar na grade em ambos, e eu vi coisas muito semelhantes: a banda tem uma alma própria, uma vontade absurda que eles mostram em cada nota, acorde, solo etc.

Até o Boom Gaspar, tecladista que eu demorei a aceitar ali, se tornou uma peça indispensável pra que a coisa transcenda cinco músicos num palco e se torne um lance etéreo, uma soma de cinco mais sessenta e oito mil e mais alguma coisa que eu não sei dizer o que é, mas talvez seja o suor, ou as lágrimas, ou os sorrisos, gritos, mãos agitando contra o céu.

Em 2005 eu era muito nova. Em 2011 eu fui renovada.

Setlist
01. Go
02. Do The Evolution
03. Severed Hand
04. Hail Hail
05. Got Some
06. Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
07. Given To Fly
08. Gonna See My Friend
09. Wishlist
10. Amongst The Waves
11. Setting Forth
12. Not For You
13. Even Flow
14. Unthought Known
15. The Fixer
16. Once
17. Black

Bis
18. Just Breathe
19. Inside Job
20. State Of Love And Trust
21. Olé
22. Why Go
23. Jeremy

Bis
24. Last Kiss (Wayne Cochran cover)
25. Better Man
26. Spin The Black Circle
27. Alive
28. Baba O’Riley (The Who cover)
29. Yellow Ledbetter

“Jeremy”

“Better Man”

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Comentários

comentários

4 comentários

  1. Bonito relato, mesmo. É sensacional a capacidade que temos de perceber a mesma coisa de maneiras completamente distintas. Amanhã, em PoA, quero ver se sinto um pouco do que a Bea sentiu, mesmo sem ter visto em outra oportunidade o PJ.

  2. Fê, vc tá ficando um velho ranzinza q fala mau dos shows q vc não vai!

    O Show foi dukaralho!!! muito bom meeesmo!

    Lembrei, como sempre, do Tatavo qdo eles tocaram Once.

    Bjos

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