VEJA NA ÍNTEGRA O DOCUMENTÁRIO “RÁDIO 2000”

Erik Lopes, homem-base de uma das preferidas da casa, a A Trip To Forget Someone, e também da bacana Aeroplano (que você verá em breve no Floga-se) dirigiu e editou o documentário “Rádio 2000”, que analisa um dos momentos mais férteis da produção jovem de Belém, do Pará, no começo do atual século.

Diante da pergunta “existe rock em Belém?”, Erik, com o documentário, pode dizer que já existiu, mas agora praticamente zerou, “tem um público potencial, que se sente até meio carente, só que a gente (os músicos) não alcança ele”. O documentário mostra essa época em que havia “várias bandas com muito público, tocando fora, tocando em todas as rádios, conseguindo grana pra se manter…”, um ótimo exemplo de nanomercados, como discutimos aqui, com a diferença que nem era tão “nano” assim.

Sim, porque o que as três bandas entrevistadas e abordadas no documentário, Stereoscope, Suzana Flag e Eletrola, criaram um bom público na primeira metade dos anos 2000 (“Rádio 2000” refere-se a um disco do Stereoscope), chegando a levar mais de mil pessoas por apresentação. Foi construído um cenário que aparentava-se sólido em termos de consumo, um mercado alheio ao resto do Brasil, mas que caberia aos gostos de todo o Brasil.

“Esse período de 2004, 2005, aqui foi muito movimentado. Só que tava sendo meio esquecido… Público envelhecendo, bandas acabando. E só se falava sobre o assunto na mesa de bar (ri). Aí, decidi reunir esse monte de conversa de bar que eu ouvia toda hora. Como eu trabalho com isso mesmo, me senti meio na obrigação de registrar. Então, aprovei um edital no Instituto de Artes do Pará. Levantei 15 mil reais. Eu dirigi e editei. E fiz as entrevistas. Teve produção de Zek Nascimento, que trabalha na produção da Gang do Eletro, que é daqui também. E mais duas jornalistas, Karina Menezes e Monique Malcher, elaborando o roteiro”, conta Lopes.

O documentário de quase quarenta minutos conta basicamente com entrevistas dos participantes daquele período – músicos, produtores, radialistas, jornalistas, todos também fãs (o próprio Erik era um fã) – e trechos de apresentações ao vivo. É um delicioso retrato de uma pequena seção da história da música pop brasileira.

O diretor encerra o filme sem fazer uma análise crítica pessoal do que ocorreu ou do porquê a cena se esvaiu. Ele deixa com que os próprios entrevistados assumam esse papel. O fato é que “as bandas acabaram, e o público foi se dispersando… E chegou no que tá hoje. Com a gente pensando se dá pra ter uma movimentação como antes, ou se os tempos mudaram de vez, sei lá”, diz.

Além do documentário, há também o site do projeto, bem simples mas que vale a visita, contando um pouco da história do período. Uma história que se repetiu, certamente, em muitas outras partes do Brasil.

É aquela velha história: não é porque não sai na grande mídia que não tem coisa boa acontecendo.

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