VÍDEO: BADHONEYS – MOTHERF*****

Será que um vídeo é “só um vídeo”? Bem, na maioria das vezes, é só isso mesmo. Quer dizer, não há nada de tão importante num vídeo, é o que a maioria das pessoas acredita – e muitas vezes eu mesmo.

Mas pras bandas o vídeo, claro, assume uma importância enorme na divulgação do trabalho: “a música é o principal, mas com o clipe, temos a oportunidade de tornar algo auditivo em visual, tentar traduzir o som em imagem”, diz Giana Cognato, vocalista e guitarrista do Badhoneys, trio gaúcho que em 2011 lançou “Harder”, seu mais recente EP.

Com o vídeo de “Motherf****”, que teve uma boa repercussão nos sites e blogues alternativos, publicado no YouTube em 12 de abril de 2012, a banda se mostra literalmente ao seu público.

Aqui, nessa entrevista específica sobre o trabalho visual, dirigido por Diego Maraschin Hernandes (da Twin Cities), a banda fala das dificuldades de fazer um clipe quando se é independente, a importância, os bastidores e se dá pra fazer mais.

Afinal de contas, de acordo com Giana, “é (algo) muito divertido de fazer”.

Floga-se: Por que escolheram justamente a “Motherf****” pra fazer o vídeo?

Giana Cognato: Escolhemos essa música por achamos que ela representa bem o EP. Tem o peso, mas também tem a suavidade que a gente sempre busca no som que fazemos.

Rodrigo Leszczynski Souto: Achamos que ela é uma síntese do que queríamos deste EP, que ele fosse bem pesado e tivesse a dose certa de tempero melódico e “noisedélico” que gostamos tanto. Não foi exatamente uma escolha. Quando vimos, ja estávamos pensando em ideias pra ela… Foi bem natural.

Stefano Fell: Ficamos conversando sobre várias ideias sobre um clipe, ou vários clipes. Ideias como filmar a gente tocando a música numa velocidade mais rápida, e depois na edição baixar essa velocidade até a velocidade normal. Outra ideia era a de projetar imagens em cima da banda com o projetor. Várias ideias. Depois ficamos pensando nas músicas que tínhamos e como elas ficariam com essas ideias. Depois ficamos revendo essas ideias. Sei lá, são coisas boas de se pensar e planejar junto com os amigos quando se tem uma banda. A música em questão parecia muito adequada por alternar momentos agressivos com mais suaves.

F-se: Como surgiu a ideia desse vídeo? Houve um argumento e um roteiro prévio, ou as coisas foram sendo criadas durante a filmagem? No que se inspiraram?

GC: Fizemos uma turnê na Argentina em dezembro passado e um amigo filmou a “Motherf****”. O vídeo ficou muito bonito! Então, nossa ideia inicial era usar essas imagens no clipe, mas no fim a qualidade não ficou tão boa a ponto de conseguirmos. Fora isso, nós sempre gostamos de projetar vídeos legais nos shows, principalmente animações. Foi quando surgiu a ideia de usarmos um filme que gostamos muito: o “Planeta Selvagem”, uma animação tcheco-francesa de 73. Nós nunca tivemos um roteiro bem montado, na verdade nos inspiramos no som, quando o chorus entrava, tivemos a ideia de usar imagens de água azuis e calmas… E quando a parte pesada do som aparece, usar imagens mais agressivas, com bastante movimento… Assim foi se formando o clipe.

RLS: A Gi já deu uma boa pincelada. Acrescento que ao fazer as imagens internas na casa dela, o Stefano apareceu com a máquina de estrobo! Bom, deu pra notar que gostamos muito da ideia de usá-la (risos)!

SF: Ao longo do tempo, ficamos com muitas ideias pra serem implementadas num clipe. Ficamos discutindo essas idéias com o Diego Maraschin, que iria filmar e editar. Na hora do “vamos ver”, que era a filmagem propriamente dita, levamos a parafernália que tinhamos em mão. Obviamente muitas ideias não puderam ser executadas, e outras surgiram na ocasião da filmagem. O bom é que não nos prendemos muito à ideia inicial, talvez, e aproveitamos um pouco do que ia acontecendo. E a edição do Diego ficou muito boa.

F-se: O que um vídeo representa dentro do processo de criação de uma banda?

GC: Acho que a música é o principal, mas com o clipe, temos a oportunidade de tornar algo auditivo em visual, tentar traduzir o som em imagem. E isso é muito divertido de fazer.

RLS: Bom, particularmente adoro videoclipes… Sempre gostei e achei que o vídeo muitas vezes define a banda mais do que a própria música. O vídeo representa a imagem da banda, a aparência e o estilo que temos. Pra nós, como banda independente, é mais dificil fazer vídeos e tal. Mas se eu pudesse faria um pra cada música.

SF: Somos da época dos 90s. Da entrada da MTV no Brasil, do Nirvana, do Lado B, Fúria Metal, além de muitos outros programas de outras emissoras que passavam volta e meia clipes do The Cure, Sonic Youth, Pixies etc. etc. Como se o vídeo e música fossem uma coisa só. Um a extensão do outro. Boas músicas, boas idéias de clipe, idéias simples, orçamento baixo. Difícil dissociar uma coisa da outra. O que acontece é que já é trabalhoso (mas compensa) gravar músicas. E gravar um clipe é ainda mais complicado, e acaba sendo uma barreira. Mas é tudo uma coisa só.

F-se: Quanto tempo entre produção, filmagem e edição?

GC: Começamos a filmagem em fevereiro (no meu aniversário) e acabamos por agora mesmo (abril). Dois meses entre filmagem e edição.

RLS: Isso mesmo… Foi feito em partes e com calma. Na finalização demos uma corridinha, pois tínhamos data de lançamento no show que fizemos com o Lê Almeida e a Loomer, aqui no Beco de Porto Alegre.

SF: Rapidinho.

F-se: Quais as dificuldades que encontraram na produção do vídeo?

GC: Bah, o principal é conseguir uma câmera boa pra captar as imagens, geralmente o aluguel é bem caro, mas no fim conseguimos uma de graça. Uma outra dificuldade é o tempo que temos, que é limitado, porque trabalhamos com outras áreas pra poder viver. Por isso o delay de quase dois meses pra acabar o vídeo.

RLS: Acho que a nossa produção rolou bem tranquila porque contamos com a força de muita gente bacana… Como o pessoal do bar que fizemos as cenas ao vivo (Mono Bar, em Eldorado do Sul, Rio Grande do SulS), a parceria do nosso diretor, Diego Hernandes, que esteve sempre disposto a trabalhar nele, dos amigos que, aqui ou ali, emprestaram alguma coisa ou ajudaram na hora de filmar… Enfim, acho que foi tranquilo por causa das parcerias que tivemos neste tempo.

SF: A dificuldade é a grana e a necessidade de mobilização de pessoas além das próprias que tocam na banda. Mas é a própria dificuldade que após superada faz tudo valer a pena. Ver que tem pessoas que acreditam e fazem tudo na parceria. E a retribuição disso tudo é a própria amizade e o prazer do momento que está ali acontecendo. Agradecemos ao pessoal do Mono Studio Bar, ao Diego Maraschin, ao Marcio e Marcelo, e a todos os demais envolvidos que de uma forma ou de outra contribuiram pra tudo acontecer. Bonito isso tudo que eu disse, né? Vou anotar esse discurso pra mais algumas próximas oportunidades…

F-se: Qual a importância de um vídeo nos dias de hoje? O impacto ainda é importante pra promoção?

GC: Acho que o mundo é muito visual, as pessoas querem ver quem toca o som que elas gostam… Por isso, o impacto é grande.

RLS: Com certeza, um bom vídeo ajuda muito a dar projeção pra banda. Hoje em dia, as pessoas passam muito tempo online, vendo coisas no YouTube e as novidades em blogues ou no Facebook. E o tempo é curto pra tudo que temos pra ver. Acho que as pessoas estão mais dispostas e são mais impactadas ao ver um vídeo muito legal de uma musica igualmente boa, do que apenas ouvir a musica.

SF: Acho que sim, tem um impacto e uma atração maior do que pura e simplesmente a música isolada. Mas não é essa a idéia principal, por um lado.

F-se: Pretendem fazer mais clipes de “Harder”? Quais seriam?

GC: Ainda não falamos sobre isso, mas acho que pelo menos mais um vídeo vai rolar… Eu faria da “Deserve It”, mas aceitamos sugestões! Talvez faremos uma enquete no Facebook. O que acham, guris?

SF: Todas?

RLS: Certamente, vai rolar mais um vídeo deste EP. Acho que a Giana ja deu a dica.

F-se: Qual o melhor vídeo da história pra cada um de vocês?

GC: Nossa, a pergunta mais difícil! Geralmente eu gosto de vídeos com a banda tocando, meio low-fi… Um que eu sempre gostei muito é o “Dirty Boots”, do Sonic Youth… E tem a historinha do beijo e tal… Bem massa (risos).

RLS: Com certeza, é uma pergunta bem dificil, mas para mim, um dos melhores vídeos já feitos foi o de “Perfect Kiss (10 minute version)”, do New Order. Curto muito o tom minimalista, descompromissado e ao mesmo tempo “feito ao vivo” que este vídeo emana.

SF: Complicado. Cada vídeo tem sua viagem pessoal. Então, sob coação da própria situação, nem vou pensar muito. Farei (mais) uma injustiça: “Vibracobra”, do Polvo. Preto e branco, colorido estourado, super 8, nada acontece: grande música.

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