A palavra tem origem grega e vem de “a” + “nomos”, onde “a” significa ausência, falta, privação, inexistência; e “nomos”, lei, norma. Em resumo, ao pé da letra, anomia significa ausência de normas ou, no caso das sociedades, ausência de normas de conduta.
O francês Émile Durkheim cunhou a palavra no livro “O Suicídio”, pra dizer que a sociedade não tá funcionando da maneira que deveria, ou “anomicamente”. Ele assinala que os fatores sociais do mundo moderno exercem profunda influência sobre a vida dos indivíduos com comportamento suicida.
O sociologista estadunidense reforça a ideia e entende que a anomia é uma desorganização pessoal como a que resulta num indivíduo desorientado ou fora da lei, com reduzida vinculação à rigidez da estrutura social ou à natureza de suas normas; conflito de leis, ausência de leis… É o sentimento de estar à deriva na sociedade, sem saber exatamente o que seguir, uma desorientação social.
É o que ocorre constantemente quando antigas regras são demolidas pra dar lugar a novas. Não necessariamente revolucionárias, mas cotidianas. Há sempre aqueles, em qualquer sociedade aparelhada e bem regrada, com estrutura institucional sólida, que apresentam desvio. É um fenômeno universal e não premeditado (mas nem sempre). O assunto é profundamente complexo pra nós, não-sociólogos – e olhe que eu já fui um tanto interessado pelo assunto, entretanto não me arrisco aqui.
O caso é que no seu novo lançamento, o EP “Anomia”, o trio carioca Sobre A Máquina discorreu sobre o tema – e agora apresenta o vídeo da música que dá título ao trabalho, numa impressionante e bem cuidada peça visual dirigida por Betina Monteiro.
No vídeo, é claro, a cidade é a protagonista (“as cidades”, porque temos aqui Montevidéu e Rio de Janeiro) – e o ser humano está de passagem, é um detalhe, uma peça cenográfica, embora atuante na construção do todo. É o ser humano que precisa se ajustar.
É, enfim, como a música, um trabalho belíssimo, intrigante, extraordinário:
uau! Betina e SAM estão de parabéns!
Muito obrigada pelos elogios! Só pra avisar que o clipe foi filmado em Buenos Aires e no Rio de Janeiro, e não Montevideo hehehe
beso
[…] direção é mais uma vez de Betina Monteiro, que entregou também o vídeo de “Anomia”. É mais um trabalho que traduz o conceitual da banda: a cidade e sua musicalidade massacrante. […]