“Queen Of The North” é o primeiro gostinho do disco que os gaúchos da The Sorry Shop lançam em 2017, provavelmente na virada de um semestre pro outro.
O trabalho, que sucede o bom “Mnemonic Syncretism”, que surgiu em 2013 (ouça aqui), está sendo finalizado e “Queen Of The North” é uma das que estão prontas pra apreciação. Surge com clipe produzido pela própria banda (Régis Garcia dirigiu, a partir de imagens dele e de Mônica Reguffe, e montagem de Marcos Alaniz).
“O disco ainda não tá finalizado, eu ainda tô colocando uma camada ou outra que parece estar faltando no meio das mixes. Ainda falta finalizar a arte da capa. Falta pouca coisa, mas falta. Eu funciono mais ou menos assim, na correria. Senão acabo não botando o carro na rua. E esse disco era pra ter saído em 2014. Eu já joguei um disco fora e comecei desde o comecinho de novo. Reaproveitei umas coisas que eu tinha dispensado antes. Uma baderna”, revela Régis em conversa com o Floga-se.
São três anos pra arredondar o trabalho, no que Régis chama de “síndrome de Kevin Shields”, referindo-se ao perfeccionismo que faz o líder do My Bloody Valentine demorar um bocado pra terminar uma obra – “sem a presunção de ser massa como ele, mas com a patologia”, brinca.
“Queen Of The North” é uma sobra da época do “Mnemonic Syncretism”: “essa tava no esqueleto, mas eu gostava muito. Ela foi a primeira a ficar pronta pro disco, foi uma maneira de retomar os trabalhos gentilmente, sem sentir tanto a transição pras faixas novas”.
“O clipe foi uma maneira de botar ideias pra fora. Foi gravado em uma tarde. Eu e a Mônica. Editamos em duas. Já foi gravado dessa forma. Sem efeito, sem nada. Estourado na luz na abertura da lente da CAM. Não deu trabalho algum. Foi uma maneira de botar as ideias pra fora mesmo”, diz.
Sobre a ideia do clipe, Régis revela que tem a ver com o seu trabalho: “eu trabalho com literatura e uma boa parte das imagens pra compor as letras, bem como a estética que imagino, sai daí. ‘Queen Of The North’ é um barco que aparece em ‘Monkey Beach’, da Eden Robinson (primeiro livro da romancista canadense, lançado em 2000). A ideia do clipe era aproveitar essa brancura que é o suposto vazio do grande Norte e, metaforicamente, talvez, de como a gente se sente quando tá meio perdido. Eu ando meio perdido. O roteiro é simples: o barco vai afundar. É gelado, é assustador, mas ao mesmo tempo é reconfortante. A estética é pra fazer uma homenagem aos clipes do MBV também”.
A referência constante ao My Bloody Valentine não é à toa: é clara, assim que a primeira camada de guitarras surge na canção, carregada de melancolia. Um grande trabalho: