“Maria Conga nasceu em 1792 e foi trazida à força do continente africano pro Brasil com oito anos de idade, junto de seus pais e irmãos”, nos ensina Valciãn Calixto.
“Ela atracou na Bahia, onde foi separada pelo resto da vida de sua família e batizada com o nome cristão Maria da Conceição. De lá foi levada pra Magé, no Rio de Janeiro, onde foi vendida duas vezes”, segue.
“Aos 35 anos, ganhou a liberdade e decidiu assumir o compromisso de lutar por seu povo. Abandonou a fazenda onde vivia e fundou um quilombo em Magé. Perseguida por dar guarida aos escravos foragidos, Maria Conga ajudou a fundar vários outros quilombos na região da Baixada Fluminense e nunca chegou a ser capturada”, diz.
Valciãn, ao lado de Juliana Passos, transformou a história (que eu, particularmente, na minha ignorância, desconhecia) num xote delicioso e diferente. Um xote-histórico, um xote-contestação.
Fala de amor, fala de paixão, fala de coração, fala da vida, mas sem lugar-comum.
“Se a vida adulta embrutece a gente / Na infância nos quebram por dentro. / Por isso é importante manter acesa a chama, / Tou falando dos bons pensamentos, / Acesa a chama dos bons pensamentos”, canta Juliana.
Valciãn tem história pra contar e acertou em cheio quando recalibrou sua carreira pra tratar de temas como esse.
Maria Conga, “além de líder dos negros, ela era parteira, doutora em ervas e defensora da autoestima negra. Faleceu aos 103 anos no ano de 1895 sem reencontrar sua família. No Centenário da Lei Áurea, em 1988, foi proclamada pela prefeitura de Magé a heroína da cidade. Hoje vovó Maria Conga desce em todos os terreiros de Umbanda como entidade de luz da falange de Preto Velho para prestar a Caridade”.
História, ensinamentos, música e letra que emocionam.
Vale lembrar também de “Nya Akoma”, single que ele lançou em junho.