WALLACE COSTA: THEY SHOULD BE SOFT

Saiu hoje o novo disco de Wallace Costa, “They Shoud Be Soft”. O lançamento da Transfusão Noise Records pode ser baixado de graça aqui.

Pouco antes, via chat, conversei com Wallace sobre o disco, um bate-papo descontraído, despretensioso, quase monossilábico, mas que elucida um bocado do que é esse disco cheio. O formato desse bate-papo tá em forma de entrevista, mas não é pra ser entendido como tanto. Wallace passou-me o link pra eu ouvir o disco na íntegra, enquanto conversávamos.

Antes, porém, por conta dos vídeos de “Rei” e “Ghosts”, além da audição de “Pouca Coisa”, já dava pra ter uma ideia do que viria por aí.

Wallace, que sempre teve um pé no setentismo, nas paisagens bucólicas interioranas, que teve na “morte” o tema de seu disco anterior (“Possible Death”, de 2011), agora mergulha ainda mais no psicodelismo (já presente nos trabalhos anteriores) e esbarra na possibilidade de ser visto como “um Walter Franco moderno”, no que pra alguns pode ser um exagero mas não chega a ser um impropério.

Floga-se: Esse disco tá bem diferente do anterior, não? Você acha mais psicodélico ou a impressão é minha? Tipo Walter Franco…

Wallace Costa: Sim, bastante. Ah, tá meio desiludido.

F-se: Porque essa diferenciação? Porque você quis fazer um disco “assim”?

Wallace: Eeu quis dar espaço pra umas viagens diferentes, sabe? A primeira faixa fala sobre uma falta de fé que me deixou mais realista sobre as coisas.

F-se: Você é (ou era) religioso?

Wallace: Não, mas minha família é. É uma bagunça, na verdade (risos). Eu sou agnóstico.

F-se: Alguns diriam que é uma “evolução” (risos).

Wallace: É, eu respeito bastante as opiniões. Isso serviu de inspiração pra compor
a faixa “Scribbles”, que tem a voz do meu único irmão.

F-se: Cantando?

Wallace: Conversando. O nome dele é Lucas. É assim: “love makes me tall / taller than clouds / rise and down / love breaks all gates / brand new day / but not gray”. É uma poesia que fiz pra ele, porque ele não tem medo das coisas. Por enquanto (risos). Tem só onze anos… Aí, no meio da música, eu coloquei umas falas dele. Até choro quando ouço (risos). É um presente pra posteridade.

F-se: Tem alguma participação especial nesse disco? Você toca todos os instrumentos?

Wallace: A única participação é a dele. Toquei todos instrumentos, mas não tem muito segredo e virtuosismo. Às vezes, acho que essa “psicodelia” é pra disfarçar o minimalismo (risos). Tem umas faixas sobre álcool, outra sobre sangue… Eu produzi e o Paulo Casaes masterizou. Mas minha vontade é chamar uns amigos pra participarem. O problema é a distância. Às vezes, gostaria de estar perto deles na produção, num próximo. Sabe-se lá quando (risos).

F-se: “Por enquanto”, sobre o medo das coisas do seu irmão… Que pessimismo… E tem perda da fé, sangue, álcool… É um coquetel que muita gente pode encarar como pessimista… Você anda pessimista ou é só uma visão realista da vida?

Wallace: É realista, mas tenho conhecido pessoas que me fazem esquecer isso. São pessoas-drogas. Elas são demais.

F-se: “Pessoas-drogas”? O que são “pessoas-drogas”?

Wallace: Sim. São pessoas que me distraem, que fazem os problemas fugirem (risos)… E também tem um pouco de inocência nesse disco. Só um pouco. Ninguém é de ferro.

F-se: O que você mais gostou no disco?

Wallace: Hmm… Gostei de ter acrescentado algumas guitarras, mas guitarras dissolvidas,
algo que deu pra harmonizar com a voz.

F-se: Sim, isso é evidente nesse disco… Acho o anterior mais sensível, no sentido de “dor”, aquele lance da proximidade da morte… Nesse, parece haver mais “raiva”, ou, num outro sentido, um enfrentamento da realidade, da vida… Mesmo que o lance do psicodelismo seja uma escapada desse realismo, ou uma visão alternativa da vida.

Wallace: Sim, sim. Culpa desses ótimos amigos (risos).

F-se: Mas há essa “raiva”?

Wallace: Há um enfrentamento da realidade e os amigos foram o combustível. Eu também não quero ter vários registros negativos, porém verdadeiros. Pretendo expor certas composições diferentes, mais alegres.

Ouça “Alucinações”:

01. Alucinações
02. Bright Prize
03. Ghosts (clique aqui e veja o vídeo)
04. The Land Is Calling
05. Charlotte
06. Pouca Coisa (clique aqui pra ouvir)
07. Mil Hojas
08. Aviso (clique aqui e veja o vídeo)
09. Evening Thoughts
10. Empty Bar
11. Par
12. Scribbles
13. Rei (clique aqui e veja o vídeo)
14. Nem Te Sigo
15. Arrow

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