YO LA TENGO NO CINE JOIA – COMO FOI

Às 22:10h da terça-feira, 3 de junho de 2014, o Yo La Tengo subiu ao palco do Cine Joia, pra uma plateia lotada, com um objetivo em mente: mudar a má impressão de um show amargo no SWU 2010, resultado de uma escalação equivocada (no meio da tarde, meia hora disponível, diante de uma plateia ríspida).

Bem… Se alguém pode se orgulhar de cumprir uma tarefa com louvor, esse alguém é o Yo La Tengo. Porque a apresentação no Cine Joia foi digna memória. De lavar a alma. De mostrar porque o Yo la Tengo é tão cultuado.

Pra começar, apesar de ter lançado seu primeiro disco em 1986 e ter feito sua fama, digamos, indie, na década de 1990, o Yo La Tengo está longe de viver dos louros do passado. “Fade”, seu disco mais recente, é de 2013 e é um dos melhores lançamentos do ano, um trabalho quase irretocável, alternando leveza e pureza com esporro e caos.

“Fade” foi a base da apresentação, com sete de suas dez canções no set. Todas elas se apresentaram estonteantes ao vivo, algumas ainda mais do em estúdio (exceção a “Before We Run”: os trombones fizeram falta).

As outras doze músicas vieram de coveres (duas) e discos essenciais, como “Painful”, de 1993 (“From a Motel 6” e “Nowhere Near”); “Electr-O-Pura”, de 1995 (“Tom Courtenay”); “I Can Hear The Heart Beating As One”, de 1997 (“Autumn Sweater” e “Deeper Into Movies”); “And Then Nothing Turned Itself Inside-Out”, de 2000 (“Last Days Of Disco” e “You Can Have It All”); e “I Am Not Afraid of You and I Will Beat Your Ass”, de 2006 (“Mr. Tough”, “Black Flowers” e “The Story Of Yo La Tango”).

Um passeio histórico pra deleitar os fãs.

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Assim como seu trabalho mais recente, o trio também alternou pureza com esporro. Começou com a deliciosa e marcante “Stupid Things”, emendada com “From A Motel 6”. Ira Kaplan se contorcia pra entregar um bocado de noise pra sua audiência. Nessas duas primeiras, o show do SWU já havia ficado bem pra trás. Missão cumprida.

James McNew e Georgia Hubley alternavam-se no baixo, guitarra, violão e bateria e não eram coadjuvantes. Quando a vaudevilliana “Mr. Tough” surgiu, jogando suingue na pista, McNew assumiu a frente; e quando chegou o trecho “leveza”, foi Hubley quem tomou pra si os vocais, a frente de seus parceiros.

De “Cornelia And Jane” a “Before We Run”, cinco canções, a plateia pôde namorar, tirar fotos, relaxar um pouco. Foi um trecho um tanto longo. Dispersou.

A partir daí, o Yo La Tengo, principalmente Kaplan, entregou à plateia o que ela mais esperava: distorções, barulhos, energia… Em “Ohm”, Kaplan destroçou sua guitarra e foi ao público, que ajudou a “tocar” o trecho final da música. Êxtase. O show poderia terminar aí. Mas quem deixaria? Ainda teve a experimental “The Story Of Yo la Tengo”, que começa lenta e termina com o mesmo esporro. Não precisava (ou melhor, precisava, mas poderia ter sido invertida com “Ohm”).

Bis. Impossível não ter bis, a plateia exigia exaltada. O trio volta pra uma versão surpreendente de “Gimme All Your Lovin'”, do ZZ Top; atende um pedido até óbvio, com “You Can Have It All” (todo mundo cantando junto), e encerrou com uma irreconhecível, pois mais lenta ainda, “I Found A Reason”, do Velve Underground.

Depois de duas horas e quinze minutos de show, Ira ainda recebeu pacientemente os fãs pra uma apertada e tumultuada sessão de autógrafos.

Numa noite em que até o Cine Joia colaborou (começando o espetáculo quase pontualmente ao anunciado, e entregou um som de razoável pra cima), o Yo La Tengo mostrou-se tão relevante quanto era vinte e tantos anos atrás. Eles não precisavam, mas conseguiram se redimir diante dos fãs brasileiros.

01. Stupid Things
02. From A Motel 6
03. Autumn Sweater
04. Last Days Of Disco
05. Super Kiwi
06. Is That Enough
07. Mr. Tough
08. Cornelia And Jane
09. Nowhere Near
10. Black Flowers
11. I’ll Be Around
12. Before We Run
13. Deeper Into Movies
14. Tom Courtenay
15. Ohm
16. The Story Of Yo La Tango

BIS
17. Gimme All Your Lovin’ (ZZ Top cover)
18. You Can Have It All (George McCrae cover)
19. I Found A Reason (The Velvet Underground cover)

Veja como foram “Stupid Things” e “From A Motel 6”:

Fotos: André Yamagami

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Comentários

comentários

Um comentário

  1. trabalho a noite…ñ tinha como ir ve-los!
    só se faltasse…e olha que tava pensando nisso!

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