Devo ter visto “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (2001, A Space Odyssey, 1968), do Kubrick, “umas 92 vezes”. É um filme maravilhoso – o melhor filme de todos os tempos, na minha honesta e insistente opinião – coisas e tal. Para os idiotas de plantão, que nunca viram a obra, eu sempre digo: “é aquele que toca o ‘Assim Falou Zaratustra’…”. Só para piorar.
Esse tipo de atitude funciona bem em mesa de bar. Principalmente se tiver uma gostosa na mesa. Impressiona, embora seja carne-de-vaca.
O macaco joga o osso para cima e no mais belo, espetacular e contundente corte seco da história do cinema, o osso vira uma nave espacial de mesmo formato, bailando no espaço (nota do editor: jamais use a expressão “espaço sideral”, isso lembra de imediato o Sideral, irmão mais tosco – se é que é possível – do vocalista do J.Quest). Nessa hora, toca “Assim Falou Zaratustra”, de Strauss, inspirado na obra de mesmo nome de Friedrich Wilhelm Nietzsche. Uma cena impressionante, que só um doidão como Kubrick poderia conceber – ou qualquer maluco com dois quilos de LSD na cachola (não vou nem falar da cena da viagem à velocidade da luz, aquilo sim LSD puro).
O ingrato leitor pode não se conformar com tanta informação útil, a ser usada entre uma empanada e outra, entre uma Bohemia e outra, no Empanadas, mas tem tudo a ver com esse blogue.
É que ontem a Soyuz TMA 8 vazou do Cazaquistão rumo à Estação Espacial Internacional, com o primeiro astronauta brasileiro da história, o Marcos César Pontes. O Brasil, assim, entra na Era Espacial, 45 anos depois que o russo Gagarin, foi dar uma voltinha a 300 km de altura. E entra a bordo de um Lada, o que é pior.
Aí eu vejo os discos lançados recentemente – e já comprados e comentados aqui – como, por exemplo, o do The Cure, o primeiro, “Boys Don’t Cry”, a versão americana de “Three Imaginary Boys”, lançado em 1980. Foram 26 anos de diferença entre o lançamento lá e cá. Esse é só um exemplo. Há muitos outros. Centenas de outros. Até o CD sensação do Arctic Monkeys, que o mundo inteiro já tem, só sai aqui em abril. Temo dizer que alguns discos nunca terão uma edição nacional. Pobre dos otários como nós que temos que desembolsar quase 80 reais para importar um petardo qualquer.
Mas ainda bem que existe o Soulseek e o Shareaza. As gravadoras e distribuidoras que não reclamem depois.
Para terminar esse texto um tanto inútil, uma questã: por que diabos esse Marcos Pontes vira celebridade por ir ao espaço, se eu, que vivo no mundo da lua, continuo no ostracismo? O que ele tem que eu não tenho?