Segunda-feira, frio, pouco menos de dois meses depois da primeira passagem pelo Brasil, no Lollapalooza, e um show fracassado de público dois dias antes no Rio de Janeiro, e o Band Of Horses tinha um cenário horrendo pela frente. Outro fracasso?
Não. O Beco 203 usou uma estratégia diferente: era segunda-feira, mas ofereceu como brinde ao ingresso do show o bar aberto, com bebidas de graça. Cerveja (que normalmente custa dez reais a garrafa), vodca, refrigerante e água, tudo à vontade.
O show, pra variar, atrasou, como é de praxe no Brasil. Era 22:30h, foi começar 23:15h, mais ou menos. Quem dependia do transporte público pra voltar pra casa e descansar pro batente/pra aula no dia seguinte, viu-se de novo refém desse descaso. Mas tinha cerveja de graça, então ok?
A resposta estava nas mãos da banda. Então, o Band Of Horses também veio com uma estratégia diferente – diferente do Lolla e diferente do que mostrou no Rio de Janeiro. De cara, de bate-pronto, mandou uma sequência de canções, de “hits”, que fazem a festa dos indies: “Factory”, “Compliments” e “Laredo” vieram sem respiro entre elas. “Is There A Ghost”, “The Great Salt Lake”, “Weed Party”, “Infinity Arms” e “Dilly” ajudaram a fazer da primeira metade do show algo alucinante de fato.
A estratégia deu certo. Olhando pra pista lotada do Beco (que acabou também acertando na sua estratégia), uma profusão de braços e mãos mostravam que todos conheciam a banda muito bem, cantando junto, assinalando que há amor pelo Band Of Horses no lado de cá do Equador, e corroborando também a ideia de que o grupo não segura a bronca num grande festival, com públicos diferentes e onde é mais fácil dispersar.
Sim, num palco menor, a coisa funciona. Centro das atenções e muito próxima do público, a banda sentiu o carinho, se soltou e suou a camisa com o calor da audiência. Parecia que o quinteto estava conquistando o Brasil na raça, no suor, no sangue.
A todo momento, Ben Bridwell sorria com algum gracejo, pedido de música ou declaração de amor dos fãs do gargarejo. A banda estava disposta a agradar e não mediu esforços pra isso. Foram vinte e duas canções, quase o “Infinite Arms” (terceiro e mais recente disco, de 2010, do qual faltaram apenas “Neighbor” e “Evening Kitchen”) e o “Cease To Begin” inteiros (o segundo, de 2007, faltando apenas “Window Blues” e a instrumental “Lamb Of The Lam (In The City)”) e pouco tempo pra diminuir o ritmo, apesar das baladas insossas que a banda tem no repertório.
O final da primeira parte, com “The Funeral”, foi acachapante, com o minuto final ensurdecedor.
Um descanso e veio o bis. Apesar de “Ode To LCR”, uma boa canção, e do já conhecido cover do Them Two (alguém deu um cartaz escrito “You are a good man”), a banda não segurou a maratona, que pareceu exaustiva – pra ela e pro público, afinal era uma segunda-feira, quase uma da manhã. “The General Specific” e “Cigarettes, Wedding Bands” não seguraram a onda.
A despeito do final arrastado, talvez esse seja o melhor que o Band Of Horses pode fazer em cima do palco. Se não é um primor, inesquecível, é uma boa diversão, é contagiante. Você percebe claramente o esforço e as boas intenções.
Só parece aquele corredor de maratona, sem técnica, que dá um pique danado no começo da prova e vai perdendo fôlego no final. É uma estratégia que não dá certo: não ganha a corrida, mas tem lá seus momentos de glória, liderando o pelotão, recebendo os aplausos do publico e a atenção da televisão.
Cada um faz o que pode.
01. Factory
02. Compliments
03. Laredo
04. Blue Beard
05. Is There A Ghost
06. The Great Salt Lake
07. Weed Party
08. Infinity Arms
09. Dilly
10. Older
11. For Anabelle
12. NW Apt.
13. Marry Song
14. No One’s Gonna Love You
15. Part One (Savannah)
16. Islands On The Coast
17. Wicked Gil
18. The Funeral
BIS
19. The General Specific
20. Cigarettes, Wedding Bands
21. Ode To LCR
22. Am I A Good Man? (Them Two Cover)
Veja como foi “Compliments”:
Veja como foi “The Funeral”:
Discordo. Baladas insossas? BOH tem baladas lindíssimas, nada insossas, e thank god que cantaram Detlef Schrempf, música pedida por alguns, inclusive.
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A estratégia deles deu certo sim! Pergunta pra quem saiu do show… se eles não ganharam a “corrida”… 😉
Concordo com a Luisa! As baladas deles são lindas, líricas, nada insossa. E também não acho que tenham perdido o pique no final. O show foi muito bom, cara.
Talvez não seja inesquecível? O quê?
Pra mim com certeza foi. Dos seis shows que fui esse ano, um dos melhores….
Talvez não seja inesquecível? O quê?
Pra mim com certeza foi. Dos seis shows que fui esse ano, um dos melhores….
Também discordo. Foi um show incrível, fans ou não, todos saíram do beco amando Band of Horses. E o Setlist aqui do site tá bem errado
O que tá errado no setlist? Agradeço se puder corrigir, apontar o erro. O show foi gravado do começo ao fim, tenho a ordem aqui na câmera, mas algo pode ter escapado.
Discordo também. Não era fã da banda. No Lolla eu ouvi meio de longe (enquanto ficava na fila pras fichas), e me pareceu bom, então resolvi ir conferir de perto. Sai apaixonada pela banda! Show foi incrível!
Gente… Acho que não dá pra ser mais claro que isso: EU GOSTEI DO SHOW! O pessoal deve tá com déficit de atenção ou problema de interpretação de texto, eu hein. A não ser que esses “discordo” sejam pro fato de eu ter elogiado o show, daí nada posso fazer, porque cada um gosta ou desgosta do que quiser, sem problemas.
instrumental Island on the coast? affff
a instrumental é Lamb Of The Lam (In The City), e island on the coast foi tocada sim.
Acho que 90% das pessoas que estavam lá não concordam com sua resenha, mas enfim…resenha, é resenha.
Explicando: baladas insonssas e final arrastado, é com isso que não concordo (e acredito que os outros q comentaram tbem).
Sim, houve uma troca entre as duas no texto/setlist, já corrigido. Outro erro – e esse ninguém apontou – foi que não tocaram “Detlef Schrempf” e sim “Part One (Savannah)” (também já troquei). Repito, tenho o show inteiro gravado, tirando essas duas trocas, o setlist está corretíssimo. O curioso é que pra uma resenha, aparentemente, “ser ok” ela precisa ser 100% elogiosa, pros fãs concordarem – quer dizer, não importa o que as outras pessoas acham. Pra mim – e pras pessoas ao meu redor, com quem conversei, o bis foi dispensável, o final ideal teria sido com “Funeral”. Mas fã é tão cego e inflexível, que desmerece por desmerecer, porque tem que elogiar a todo custo, 100% das vezes, já que sua banda nunca faz merda, nunca escorrega, nunca decepciona. Aqui, a gente faz crítica centrada em percepção do todo e não em adoração. Tentei ser preciso ao máximo: no meio da pista, havia uma boa parte das pessoas adorando, mas a grande parte não, havia muita conversa paralela, gente só bebendo, sem nem olhar pro palco. Uma resenha tem que ver tudo isso. O show, principalmente no bis, deu margem pra essas percepções (tinha gente até dormindo, mas levo em consideração que havia bebido demais). Pois não, o show foi perfeito dentro da limitação da banda. Viva com isso.
Fãs são cegos Fernando e você sabe bem e já escreveu bastante sobre isso, agora tenho que dizer que apesar de achar que bandas como a Band of Horses realmente funcionam melhor em clubes menores – com seu próprio público – o que os caras fizeram no Lollapalooza foi acima da média do festival , para mim o melhor daqueles dois dias de Jockey Club .
[…] Fonte: Floga-se | Flickr 1 | Facebook oficial da banda | Carolina […]