Ao 72 anos, Martinho da Vila finalmente pode ver sua vida nas telas dos cinemas. Quer dizer, não exatamente. O documentário “Filosofia de Vida – O Pequeno Burguês” teve passagem apagada na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2008, e não me lembro de carreira em cinema (embora tenha percorrido festivais mundo afora). Sai agora em DVD, pra fazer justiça a esse inigualável músico brasileiro.
O filme é de Edu Mansur e mostra o estilo de vida do sambista na sua Duas Barras, município fluminense onde nasceu, além de acenar com uma tentativa de elucidar a trajetória do “sujeito nascido em uma fazenda no interior do estado do Rio e criado na favela que transformou-se num dos mais queridos e reconhecidos artistas brasileiros”.
O protagonista é a cidade e é, claro, Martinho da Vila, o boa-praça (sem trocadilhos). Segundo o portal G1, o filme “dirigido por Edu Mansur, tem por mérito aproximar o espectador de momentos íntimos de Martinho, como a pescaria na Baía de Guanabara, no Rio, e as turnês pela Europa e a relação com a própria obra. Traz declarações de amigos, como Dudu Nobre, Ferreira Gullar, Jaguar, Rildo Hora e o cantor português Luís Represas. Entre todos esses registros, Martinho tem suas preferências: ‘os depoimentos da minha família, mais especificamente dos meus filhos, me tocaram muito. Também fiquei muito sensibilizado com os trechos em que relembro minha mãe’, disse o cantor, pai de oito filhos e avô de sete netos.”.
O DVD tem acompanhamento musical, é óbvio. É um CD com a trilha sonora do documentário, percorrendo alguns dos ótimos clássicos de Maritnho. Sai via MZA Music. Olha o serviço:
01. Filosofia de Vida
02. O Pequeno Burguês
03. Ó Nega
04. Um A Zero
05. Linha do Ão (Tabela do Galão)
06. Meu Off Rio
07. Pra Mãe Tereza
08. Calumba (Kalumba)
09. Vou Viajar
10. Lisboa, Menina e Moça
11. Madalena do Jucu
12. Aquarela Brasileira
13. Disritmia
14. Filosofia de Vida
A vida de Martinho não foi das mais fáceis (não só por ter sido favelado e pobre num país que faz questão de excluir cada vez mais os excluídos), mas por ter servido no exército durante a ditatura militar, ter virado comunista, fazer música pra agradar pobres e ricos (acusado de ser “vendido”, fazer samba pasteurizado e outras atrocidades que saem da caneta dos “críticos profissionais”), de defender os presidentes de escolas de samba, e mesmo assim ele não escapa de polêmicas e fala da sua vida com desenvoltura, como nessa entrevista ao Portal Último Segundo, do IG.
Num país em que o ídolo nasce após a morte do homem, é bom celebrar em vida as notas de Martinho da Vila.
Veja o trailer (estranhíssimo e meia-boca) do documentário: