Os anos 1980 foram estranhos, por certo. Uma das grandes estranhezas era a mania das gravadoras em lançar versões estendidas e remixadas dos sucessos da época, uma maneira fácil de arrancar dinheir dos fãs. A lógica era simples: esgotada as possibilidades de tal canção nas rádios, um remix dava uma sobrevida à obra na programação das FMs e, consequentemente, vendia mais singles (ou álbuns). Algumas dessas versões apareciam em lados B dos singles originais reeditados.
Embora seja uma forma até hoje utilizada, é bem menos eficaz (ou quase nada eficaz) por conta da horizontalização da oferta de música – os fãs ouvem menos rádio e compram menos discos enquanto possuem mais acesso a outras bandas e discos.
Mas naquela década, era uma “praga” que chegou obviamente até o “rock brasileiro” então renascido e emergente. Na lista abaixo, há um exemplo nacional (feito pela própria banda, que nem considera exatamente um remix, apenas uma “releitura”) e nove outros exemplos do que as gravadoras eram capazes de fazer com canções nem sempre criadas pensando nas pistas.
E, sim, a maioria delas aqui apresentou alta rotação nas FMs da época, talvez por serem tão boas quanto as originais (ou até melhores, dependendo do gosto do freguês).
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“Never Stop”, Echo & The Bunnymen
“Matador”, X-Mal Deustchland
“In Between Days”, The Cure
“Close To Me”, The Cure
“It’s My Life”, Talk Talk
“The Boy In The Bubble”, Paul Simon
“Behind The Wheel” x “Route 66”, Depeche Mode x Nat King Cole
“Tainted Love” x “Where Did Our Love Go”, Soft Cell x The Supremes
“Inside Out”, Might Lemon Drops
“Proteção II”, Plebe Rude
Gostei principalmente de “Proteção II”, uma verdadeira releitura do clássico da Plebe 🙂
O fenómeno das versões longas começou nos anos 70 com o advento do disco. A ideia, na altura, era prolongar a fruição nas pistas de dança aumentando a duração de uma música de sucesso. Claro que na década seguinte as versões de 12 polegadas, dos compactos com mais êxito, conheceram o seu auge e maior proliferação. Recordo-me de muitos exemplos, “Sussudio”, de Phil Collins e “State Of Shock”, dueto entre Mick Jagger e Michael Jackson, só para citar alguns. A ideia em si não foi má (se gostarmos do tema), mas pode ser demasiado cansativa e desagradável se a faixa for ruim…