FAIXA A FAIXA: EVERTON LUIZ CIDADE – SANTO DISFUNCIONAL VOL. 1

everton-luiz-cidade

Everton Luiz Cidade tem história. O gaúcho já passou por bandas como Viana Moog e Siléste (uma das preferidas da casa). “Santo Disfuncional Vol. 1” é seu primeiro disco solo, embora não solitário.

Lançado pela Freak Sounds, em 26 de maio de 2021, é uma parceria com Felipe Ferreira (guitarra), Fillippi Fillipo (teclas), Izaky Grimm (sopros) e com o produtor Luciano Reis – a banda ainda tem Armando Reis (baixo), Carlos Gilberto e Wolf Júnior (bateria) e Gabriel Renner (acordeon).

É uma obra ampla, disco e livro, lançados em formato digital. Como bem diz o selo, “é uma obra de natureza ‘sobrenatural’. Trata da possessão de Cida – o alter ego do autor – pela entidade boêmia, íntima e hedonista que atende pelo nome de ‘Santo Disfuncional’. A ação que permeia as sete faixas do conceitual álbum passa-se no centro e periferia de uma obscura cidade chamada Santa Réus, localizada em algum lugar cravado nas profundezas da América do Sul”.

“O disco segue um enredo. Como um enredo de samba… não aprofundado”, diz Everton Luiz Cidade. “Esse enredo conta a história de Cida e sua possessão pela entidade Santo Disfuncional. Entidade, que se alimenta energeticamente de orgias, drogas e drama. As letras são os embates e galanteios entre Cida e Santo Disfuncional”.

“Possessão/Esquizofrenia” é a faixa que um tanto define o disco – no som, especialmente. Loucura, barulho, ruídos, guitarras. Cidade aponta Black Future, Babes In Toyland, Facção Central e Oxbow como influências, pra dar uma ideia (e, como é um loivro também, aponta como referências literárias, Roberto Piva e William Blake”).

“Eu venho de um sonho medonho”, ele escreve. O resultado final, com sua “beleza opressiva”, o confronta. Aqui, faixa a faixa, uma explicação, afinal, pelos punhos do próprio Cidade.

1. Metal Zen
“Letra que estava numa demo de 1998 da Viana Moog, banda da qual fiz parte até 2013. Escolhi essa letra por ela carregar uma ingenuidade festiva no uso de químicos e do corpo como oferta de experiências. É um contraponto pro restante do disco que é muito mais dolorido e pessimista. A música é uma colagem com sobras das músicas presentes no disco, feita pelo produtor Luciano Reis”.

2. Reverso
“A música, sombria e arrastada, começa a via crucis do personagem, lidando com a entidade Santo Disfuncional. Aqui as luzes, como fendas, e os químicos, começam a tragá-lo e maximizar seu subconsciente. Sussurros espirituais e conselhos de coca. O tesão como mercadoria de troca na noite escarlate”.

3. Perfuma
“A música mais pop do disco. É sobre festas em clubes pequenos e lotados. Doces e amores não correspondidos. Eternidade fugaz de uma bala. Festas de fins de semana dourados, terminando na segunda-feira, ao meio-dia, com ataques de pânico. A DEPENDÊNCIA CORPÓREA / ESPIRITUAL de outra pessoa levando à autodestruição divertida”.

4. Possessão/Esquizofrenia
“Culpa e saudade em várias vozes. Em vilas e bairros, é comum a confusão entre esquizofrenia e possessão. Eu me criei na cohab–feitoria, periferia de São Leopoldo, e presenciei e fiz parte de vários rituais de cura pra esquizofrenia/possessão, onde o enfermo acredita (eu acreditei) no fim do seu tormento. Nesse fluxo de consciência, lido também com a morte recente de Carlito Cidade, meu pai. O synth tocado por Filippi Filipo, evoca o drama duro de não ter o poder sobre a presença de quem amamos. Tenho casos de esquizofrenia na minha família e essa sombra paira sobre minha cabeça”.

5. Eclipso
“Visão obtida assistindo em estado de primeiro sono algum filme. A música é suja e agarra como tentáculos de monstros inomináveis. Puxando pra baixo. ‘A maldade é uma franquia’, diz o refrão da música. O caso da fruta podre, entre boas frutas. A maldade sendo passada adiante através de um estado de euforia social. Ou, ainda: um pai vendo seus filhos falharem como ele falhou. Terror como num mangá de Junji Ito. Primeiro single/clipe numa atmosfera gangsta espiritual”.

6. Co-piloto
“O delírio aceito. O orgasmo como passagem para viagens transcendentais. O hedonismo como uma forma da periferia chegar ao Éden. A entidade Santo Disfuncional convence, vence e é o carnaval eterno na terra”.

7. Santo Disfuncional
“O júbilo. A vitória. O reconhecimento de não pertencimento. Saudação para quem pilota o corpo a partir da possessão. O trompete de Izaky Grimm acompanha a caminhada trôpega do possuído”.

O disco foi produzido e mixado por Luciano Reis, no estúdio Casa Dos Gatos, em São Leopoldo, Rio Grande do Sul.

1. Metal Zen
2. Reverso
3. Perfuma
4. Possessão/Esquizofrenia
5. Eclipso
6. Co-piloto
7. Santo Disfuncional

everton-luiz-cidade-santo-disfuncional-vol-1

Leia mais:

  • Nada relacionado

Comentários

comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.