“The ocean is your God-self / The sun is your God-self / God is air / Part of you is man / Part of you is god-self / The rest is just stumbling in the mist”. Essa é a letra de “Gold Coin”, quinta música do estranho e belo disco homônimo de estréia do HIGH PLACES.
A dupla nova-iorquina formada em 2006 pela mocinha de vinte anos Mary Pearson e seu companheiro/namorado/sei lá o quê Robert Barber cria sons e letras bastante esquisitos. As letras, talvez pela idade, beirem, por vezes, a idiotice pretenciosa. Mas a música é crua, quase sem melodia, calcada no vocal cheio de efeitos de Pearson.
Não há instrumentos. Há um computador fazendo muita programação (“A Field Guide” é o extremo) e vez por outra uma linha melódica pode ser ouvida. No máximo, uma bateria eletrônica. Mesmo assim, “From Stardust To Sentience” se torna espetacular e pede para ser incluída numa trilha sonora de filme de ficção qualquer. É a última e uma das melhores do disco: “You’re billion year old carbon”, diz Pearson, quase dando de ombros para sua própria existência.
O High Places pode ser colocado no meio de outras duplas que surgiram após o estrondoso barulho provocado pelo White Stripes, mas é resumir demais o que a banda é. Não tem nada a ver com os Ting Tings recentes. Tem mais a ver com o Cocteau Twins (ouça “Namer”), acentuado por ritmos eletrônicos tribais, esparsos, hipnóticos, com muitos loops e quase dançável. Quase.
O Pitchforkmedia encheu a dupla de elogios, o que sempre me deixa desconfiado, graças à coleção de singles lançada pela Thrill Jockey em julho deste ano, chamada apenas “03/07 – 09/07″. Logo depois, a dupla já estava em estúdio para o disco de estréia, recentemente lançado, em 23 de setembro de 2008. A Europa está pagando pra ver. A banda já tem datas até o final do ano em Berlim, Oslo, Londres, Newcastle, Leeds, Praga, Antuérpia, Belfast, Dublin etc. Outubro está tomado com uma turnê pelos esteites. Nenhum lugar gigantesco, shows para pouca gente, mas exatamente do tamanho das pretensões e do alcance do som do High Places.
Vale a pena ouvir o resultado, mesmo que hoje em dia não dê pra saber qual o prazo de validade de uma banda. Então, é bom degustar logo, antes vire vinagre.
Olha aí o serviço:
01. The Storm
02. You In Forty Years
03. The Tree With The Lights In
04. Vision’s The First…
05. Gold Coin
06. Papaya Year
07. Namer
08. Golden
09. A Field Guide
10. From Stardust To Sentience
Aqui embaixo, tem uma apresentação ao vivo de “Gold Coin” e, mais abaixo, de “Vision’s The First…”: