Uma banda gaúcha pouco conhecida no planalto paulista e quase nada no mundinho indie-festivo viu-se diante de um desafio interessante: encarar a abertura do show do Radio Dept., pra um público que obviamente só queria ver o Radio Dept.
Ficaria claro, pois, que este não seria o único desafio.
Com um discaço lançado em 2011, “Lost In The Tropics”, eleito um dos melhores do ano aqui pela equipe do Floga-se, a banda passou pelo costumeiro perrengue na passagem de som que toda banda nacional tem ao abrir pra grupos gringos (normalmente os protagonistas). E isso acabou refletindo na apresentação final.
Se na passagem estava tudo redondo, na hora do show não estava mais (problema que os suecos também enfrentaram, é bom sublinhar), de modo que pra uma banda desconhecida, que enfrenta público impaciente e virgem de sua música, acaba se tornando o maior dos empecilhos.
Foram sete músicas: cinco de “Lost In The Tropics”, uma do EP de 2008, “A Week Of Mondays”, e uma nova, ainda sem título; tudo perfazendo algo em torno de meia hora de apresentação, o que é pouco tempo, mas ainda assim uma boa oportunidade pra mostrar serviço a um novo público.
E, veja, apesar desses pesares, a Lautmusik acabou sendo o melhor da noite. Quem conhecia a banda, tinha uma ligeira certeza de que isso poderia acontecer – e, tirando os fãs xiitas e cegos do Radio Dept., que jamais admitiriam que os ídolos fizeram um show horroroso, nem que fosse uma obviedade estrondosa, ficou bastante clara a superioridade dos brasileiros (note: esta não é uma afirmação patriótica, é uma constatação musical).
As guitarras potentes de Cassio Forti e Murilo Biff, mesmo abafadas e mais baixas, injetaram uma energia que a noite não veria mais dali pra frente. O vocal de Alessandra Lehmen, apesar de oscilante, com efeitos exagerados e alguns momentos, era gracioso e agressivo quando necessário. E a cozinha, um forte convite pra balançar na pista. Algumas pessoas, como uma agradável e positiva surpresa, aceitaram o convite.
“Mai”, o single do disco, abriu os trabalhos e foi seguida de “Afraid To Fly” e da neworderiana “Tugboat”, o suficiente pra deixar o Radio Dept. numa situação difícil, na comparação direta sem cegueira.
O único deslize a ser creditado na conta da banda foi a escolha de incluir no set “Zeigeist”, a lentinha que fecha “A Week Of Mondays”. Foi um erro: esfriou a moçada que resolveu se entregar ao som dos gaúchos. Por sorte, “White Cliffs Of Dover” veio na sequência e recolocou a apresentação nos eixos. E “Cloud Nine”, com seu final microfônico, abriu as portas pra uma novidade que nem nome tem ainda: a banda queria testar uma nova canção ao vivo, mas parecia, ao mesmo tempo, querer agradecer a oportunidade.
Com a casa ainda na metade da lotação – lá fora, o público usava o máximo da paciência disponível, esperando sua demorada vez pra entrar no Beco – a Lautmusik fez com honras a sua parte. Lá no fundo, uma educadíssima cidadã inundada em álcool gritava impropérios pra banda “voltar pra Porto Alegre”. Mesmo assim, com tais pedradas inconsequentes, o quinteto merecia (enfrentar) mais audiência.
Quem tem medo de cara feia e de desafios não entra nessa vida, não cai na estrada. E numa noite em que os consumidores sofreram um bocado na mão dos organizadores do evento e que os protagonistas suecos decepcionaram, deveríamos agradecer a Lautmisuk por entrar nessa vida e salvar o dia.
1. Mai
2. Afraid To Fly
3. Tugboat
4. Zeitgeist
5. White Cliffs Of Dover
6. Cloud Nine
7. (Nova sem título)
Veja “White Cliffs Of Dover”:
E veja “Cloud Nine”:
[…] quem participou do financiamento coletivo pra trazer a banda. Assim, um bocado de público perdeu o show de abertura muito bom da Lautmusik, de fato o melhor da noite – e um tanto o começo da apresentação do Radio […]
Achei muito ruim. 🙁
[…] dez e meia da noite, minutos antes da banda subir efetivamente ao palco. Mesmo assim, a Lautmusik fez o melhor show quanto era possível fazer nas condições oferecidas (nem mesmo o Radio Dept. contou com um som decente naquela […]
melhor da noite? desculpa, mas seu texto é uma piada.