Lucy Dacus nasceu exatamente no dia em que “Electr-O-Pura”, o sétimo disco do Yo La Tengo foi lançado, dia 2 de maio de 1995. Ambos acabaram de completar vinte e cinco aninhos.
Jovens e com já bastante história pra contar, a Matador Record, então, resolveu unir os dois de uma forma singela: pediu pra ela escrever sobre o álbum e ela acabou gravando também uma versão de “Tom Courtenay” por conta própriua.
“Nasci em 2 de maio de 1995, o dia em que ‘Electr-O-Pura’ saiu. Quatorze anos depois, comecei o ensino médio e fiz um novo amigo que usava jaqueta de couro e botas, e que falava sobre um tipo de música que eu nunca tinha ouvido. Devorei todas as dicas que me deram, num esforço para alinhar nossos gostos. Eu queria ser legal, ou pelo menos não ficar de fora. Descobri The Stooges, Philip Glass e Sonic Youth através do meu esforço pra obter a aprovação deles. Adorei tudo, e meus pais odiavam todas as novas descobertas”, ela escreveu.
“Um dia, meu amigo me trouxe uma pilha de CDs, todos do Yo La Tengo, e me disse pra levá-los para casa, ouvi-los, gravá-los e devolvê-los. Assim o fiz. Gostei desses discos desde o início, e mais a cada audição. Eu deitava na cama ouvindo um dos discos, pausava a música que estava ouvindo quando estava cansada demais e pressionava o play ao acordar”, seguiu.
“Lembro-me da minha confusão ao ouvir ‘Electr-O-Pura’ pela primeira vez. Olhava a parte de trás do CD pra aprender os nomes das músicas, mas a duração da música impressa não correspondia ao que eu estava ouvindo. Queria saber se havia algum erro de fabricação e não estava ouvindo as músicas que deveria ouvir. “Flying Lesson (Hot Chicken #1)” está indicada que dura pouco mais de três minutos, quando são realmente 6:42. “Blue Line Swinger” diz que são 3:15, mas na verdade são 9:18. Agora, ao investigar, sei que Yo La Tengo intencionalmente imprimiu os tempos, tentando combater períodos curtos de atenção, esperando que enganassem as pessoas a dar uma chance a essas músicas longas. Isso me enganou, embora eu seja louca por músicas longas de qualquer maneira. É interessante pensar em como esse movimento não pode ser realizado hoje em um mundo de música digitalizada. E se as pessoas tinham pouco tempo de atenção, então, quão baixos são agora? Tudo para dizer, gostei da brincadeira”, contou.
Mais à frente, falou sobre “Tom Courtenay”: “foi a primeira música do Yo La Tengo que aprendi na guitarra. Não sabia o que significava, mas sabia quem Julie Christie era e amava a frase: ‘à medida que a música aumenta de alguma forma devido à adversidade / nosso herói encontra sua paz interior’. Eu não sabia o que a agulha tinha a ver com nada, mas não conseguia parar de pensar nisso. Era como qualquer bom poema, deixando espaço pra mim, entre imagens. Agora, acho que a música pode ser sobre obsessão com a mídia, equiparando o fascínio dos filmes e estrelas de cinema à dependência de drogas. Quem sabe, essa é apenas a minha opinião”.
Pra comemorar os 25 anos de “Electr-O-Pura”, a Matador lança uma versão dupla especial do disco.
Aqui, a versão dela e, abaixo, a original: