A guitarra espacial vai preenchendo os espaços, enquanto o tempo se dilui. Eduardo Manso, parte do Bemônio (e por onde anda Bemônio?), se resumiu a Manso e lançou “Propofol”, pela sempre atenta etiqueta QTV, do Rio de Janeiro, no dia 1º de maio de 2020, em um cenário propício de muito tempo e pouco espaço dos dias atuais.
A obra, como informa, gravada ao vivo no estúdio Rockit!, em dezembro de 2018, se encaixou perfeitamente nos pandêmicos e nonsense momentos em que vivemos.
Propofol, fármaco de ultracurta-duração da classe dos anestésicos parenterais, segundo nos informa a Wikipedia, dá título ao disco. A injecção endovenosa de uma dose terapêutica de propofol induz a hipnose, com excitação mínima, usualmente em menos de 40 segundos, segue a enciclopédia escrita por todos.
O título perfeito à obra. Porque resume o que a guitarra de Manso, com todos os climas, possibilita. Manso, aliás, nome a calhar.
Manso, apesar disso, vale ressaltar que o disco pode não ser interpretado assim. Tenso, talvez. Misterioso, quem sabe. Hipnótico, por certo.
As três faixas levam no título o número CAS (de Chemical Abstracts Service), 2078-54-8, registro único atribuído pela Sociedade Americana de Química pra um composto químico. Sua meia-vida é de 30 a 60 minutos, o que é um pouco mais do que dura o disco de Manso, que tem vinte e cinco minutos e oito segundos.
O trabalho, entretanto, tem bem mais eficiência na indução hipnótica do que o próprio propofol. Suas três faixas induzem o ouvinte a estado que vai da “hipnose” à tranquilidade que se exige pra encarar tempos sombrios.
A descrição técnica do disco traz Estevão Casé (gravação e mixagem) e Fabiano França (masterização). Rafael Meliga fez a capa.
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2. 54
3. 8