“Refúgio, necessidade, desabafo e alento. Sucessão de retalhos oníricos. Espaços deixados – no peito e em cada cômodo da casa. Medo de esquecer. Acordar sem querer. Tempos e lugares distintos através do prisma incerto da memória. Para Carolyn – grande amiga, que saudade…”, escreveu Cadu Tenório sobre “Lágrima”, assim mesmo, no singular, seu single de quarenta e três minutos (um disco?) lançado em 4 de fevereiro em sua página no Bandcamp.
A música/disco/obra, uma paisagem sonora pontuada por ruídos e vozes e gritos da alma, tem o poder de relaxar, ao mesmo tempo que alfineta. A convivência é boa, até que termina. Lembrar é bom, mas vem à mente a ideia do fim. A ruptura é um ruído e os ruídos estão mais presentes do que a suavidade. Cadu Tenório, nosso gênio carioca da música experimental, parece saber muito bem disso – só não sabe quem não amadureceu, não viveu ou se recusa a encarar a realidade. Há sempre um fim.
Derramar uma lágrima é um ato de amor.