OUÇA: FARMACOPEIA – VAZIO/ENIGMAS

São duas músicas, na verdade, “Vazio” e “Enigmas Dos Infinitos Dias”, compiladas num só lançamento, do dia 29 de maio de 2016, antevendo o disco que o Farmacopéia, grupo de Osasco, São Paulo, pretende desovar ainda esse ano.

A banda que sempre teve à frente o guitarrista e vocalista Renato Albuquerque, agora é formada também por Alex Fernandes (bateria), Nikolas Oliver (guitarra) e Thales Silva (baixo).

Renato fala sobre a nova formação: “eles são meus amigos de algum tempo, e convidei pra tocar esse projeto. Já tive algumas outras bandas com o Alex Fernandes que não deram muito certo, não saímos de alguns ensaios. Mas o Alex já tocou em algumas bandas. Acho que a mais legal foi o Homem Elefante, um punk meio torto, como se o Pissed Jeans tivesse encontrado com o Black Flag do ‘My War’, ‘Loose Nut’, ‘In My Head’… acho que por aí. Outra banda legal que ele tocou foi o Sguardo Realta, que até aonde eu me lembre era uma banda de fastcore. Já o Nikolas Oliver e o Thales Silva tiveram uma banda na época em que estudavam juntos. Era punk também, mas nunca ouvi. A banda se chamava Lázaro”.

As duas canções aqui estão em versões que não vão entrar no novo disco do Farmacopéia – “outras versões que gravamos dessas mesmas músicas sairão nele, versões que foram gravadas no estúdio Family Mob, através do projeto Rubber Tracks, da Converse. Ainda não temos uma data pra soltar. Mas imagino que até agosto o disco saia”.

As gravações destas versões do EP (vamos chamar assim) foram feitas no Escritório, de Lê Almeida, no Rio de Janeiro, durante dois insuficientes dias, de modo que as tomadas acabaram se completando caseiramente, nas casas de Renato e Nikolas.

“Quando a gente fez essas músicas, não estávamos com as referências sonoras muito definidas, acho que simplesmente fomos compondo de uma forma espontânea e as músicas saíram desse jeito. ‘Vazio’ me parece um pouco com alguma coisa do Dinosaur Jr., Guided By Voices, nada que não me pareça meio óbvio. A letra eu escrevi quando estava assistindo ‘O Sétimo Selo’, do Bergman. Acho que o cavaleiro tem uma fala do tipo ‘o vazio é o espelho da minha alma’ e isso foi o mote pra letra. Depois eu criei uma personagem baseada na ‘Alison’, do Slowdive, e numa letra do U2, de ‘Stay (Faraway, So Close!)’, acho que a única música boa do U2”, ri.

“Já ‘Enigmas Dos Infinitos Dias’ é uma música que lembra baladinhas do Yo La Tengo, mas com uma carguinha de depressão a mais (sorri). A letra eu me baseei no quadro ‘Enigma De Um Dia’, do Giorgio de Chirico – foi a primeira vez que coloquei em prática a ideia de que a forma da arte, seja ela pintura, música, texto, é transmutável pra outra forma. Tenho feito alguns experimentos nesse sentido, se você quiser dar uma ouvida em algumas outras coisas que já fiz com essa proposta, eu soltei esse disquinho. É a sensação de solidão que o quadro passa, um certo isolamento que coloca a pessoa com os seus sofrimentos mais perenes. Tentei construir uma paisagem textual nesse sentido” conta Renato.

Você pode ouvir as duas canções aqui:

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