O Nosso Querido Figueiredo de Matheus Borges apresenta algumas das melhores letras da música subterrânea brasileira atual. Isso se dá porque Borges é daquelas mentes que percebem e compreendem as coisas. O que é raro. As pessoas normalmente, “só vivem”.
Em “Dia X”, no “ano da quarentena”, no “ano da pandemia”, as pessoas costumam contar os dias, como qualquer dia fosse. Um dia “x”. É o que é. Nossas vidinhas normalmente inúteis, ficaram ainda mais inutilizadas.
Mas O Nosso Querido Figueiredo faz música disso. “Dia X”, no ano MMXX, é uma música desse tempo.
“A poeira sobe / e a cidade some / você tem horas, / casa e muita fome”, ele canta, por sobre uma batida meio distante. Porque estamos distantes, ué (ou deveríamos estar).
“Não há lugar / que sirva de abrigo / não há lugar / no mundo antigo”. Pois é, não há.