REVISITANDO: PLANES – PLANES (1974)

Gregor Cürten (voz, guitarra, sintetizador) e Anselm Rogmans (voz, sintetizador, gravações em fita) se uniram em 1974 pra uma experiência. Gravaram “Planes” (ou, como também chamam a obra, “I’ll Remember The Landscape On Your Face”), prensaram o disco em casa e… e é isso. A única incursão da dupla é nesse disco, uma obra que se tornou rara e cultuada, até que foi relançada no novo século e é possível, com os seguidos relançamentos, compreender esse experimento. Mas até que o primeiro relançamento acontecesse, “Planes” como se fosse um “disco-fantasma”, um experimento inexistente pro resto da humanidade.

Porque é o que “Planes” é: um experimento. São apenas duas faixas, uma de cada lado, com pouco mais de dezoito minutos cada. Na número um, no lado A, um drone se estende pelos dezoitos minutos, até que no quinto, um vocal manipulado, gutural, se avista. Parece um exercício de fonoaudiologia. Parece uma missa ao demônio. Parece o barulho constante, “em alfa”, de um motor de avião. Parece a trilha de “2001 – Uma Odisséia No Espaço”.

A dupla alemã estava se divertindo com as possibilidades da tecnologia à época, tanto que prensou o vinil em casa, poucas cópias, pra deleite próprio, por assim dizer. As músicas foram gravadas numa só tomada – ou, como diz na capa, “without interrupting the course of the music”.

Mesmo assim, há diferenças entre os lados A e B. “Planes II”, que está no lado B, é menos um drone e mais uma canção eletrônica, com uma estranha e descompassada introdução pendendo às repetições do kraut, com guitarra e teclados mais atuantes. A primeiras faixa é mais densa. A segunda é mais psicodélica e melódica (no que dá pra chamar de “melódica” em termos do que estamos acostumados no pop).

O disco foi gravado em 11 de maio de 1974, mas o corte que você vai ouvir abaixo veio do relançamento de 2012 do selo britânico Entr’acte. O crédito original de produção é de Inge Cürten-Noack, sem nenhuma referência a quem se trate, mas a reedição teve mesmo coordenação do próprio Gregor Cürten.

“Planes”, disco e banda (há lugares em que se encontra a assinatura do disco pra “Gregor Cürten & Anselm Rogmans”), não teve quase impacto algum na história ou em qualquer estilo, sendo o “quase” uma bondade deste texto, porque quando do seu lançamento dificilmente alguém chegou a ouvir a obra. Quarenta anos depois, é de se espantar o quão a frente do seu tempo ela hoje parece.

É o registro de uma experiência sonora magnífica.

Ouça “Planes I”:

Ouça “Planes II”:

Ouça na íntegra aqui:

LADO A
1. Planes I

LADO B
2. Planes II

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