“De todos os artistas brasileiros que vieram à tona no final dos anos 60 e 70, Tim Maia foi talvez o único que encarnou o espírito rock ‘n’ roll. Seu coquetel favorito era cocaína, maconha e uísque, ele tinha uma propensão para sair com músicos, muitas vezes perder compromissos importantes e shows, e até mesmo passou um período de seis meses na prisão, quando esteve nos EUA”. Esse é o primeiro parágrafo da boa matéria feita pelo Sounds And Colours sobre o Tim Maia e seus anos de Racional.
Se você não leu a divertidíssima biografia escrita por Nelson Motta (se não leu, você é um tremendo quatro-quatro-meia), essa pequena matéria dá uma dimensão do que foi a turbulência dessa fase de um dos gênios da música brasileira. Uma mudança radical na carreira de TM, que depois virou decepção e fez surgir um dos mais raros e clássicos discos da discografia nacional, “Tim Maia Racional”, de 1975 (mais o “Racional Volume 2”, de 1976).
Tim Maia era um doidão de prima, mas nessa época o cara despirocou. A matéria lembra que os discos eram tão “radicais” que a Philips, gravadora do música à época, não quis lançá-los. Tim Maia o fez por sua própria gravadora, a Seroma (um acrônimo de Sebastião Rodrigues Maia, seu nome completo). Os shows eram para poucas pessoas, a maioria da própria “seita” Racional, que chegavam em caravanas e ficavam doidões de maconha, viajando, sem prestar muita atenção às músicas. As rádios não se atreveram a tocar nada. Era uma época em que a ditadura militar tinha fome de leão.
A matéria, em inglês, é uma leitura leve e divertida. Pra quem não leu o livro, não conhece o disco, não sabe da história, é uma boa apresentação.
O Floga-se vai um pouco mais longe e coloca três clipes não oficiais para músicas do disco. O primeiro é uma animação bacanuda para “Imunização Racional (Que Beleza!)”. Perceba que a letra é simples e não há nada demais: nenhuma doutrinação, nada, só o espírito paz e amor da época. Segue o balanço:
O segundo é o classicão “Bom Senso” (que você conhece bem), num clipe dirigido e animado por Luiz Berger, André Berger, Wanderson Miranda e Luciano Coluci:
O terceiro é outra animação (de Ivan Mola) para, essa sim, uma doutrinação das boas, “Leia O Livro Universo Em Desencanto”:
O cara é um gênio, alguém duvida?
Pra ler a matéria completa, no Sounds And Colours, clique aqui. Eu diria que é inarrependível, embora a palavra não exista. Vai lá.
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A influência de Tim Maia na música pop brasileira é enorme, mas não dá pra deixar de falar dessa pérola, da época que o Marcelo D2 realmente fazia efeito. “Fazendo Efeito” é do primeiro disco, “Eu Tiro É Onda”, de 1998:
Ou como diz D2, “é isso aí, Tim Maia Racional!”.