Assisti ontem o filme de Paul Thomas Anderson, “Sangue Negro” (There Will Be Blood, 2007). Lembrei de cara de um filme que vi na faculdade, chamado “Greed” (1924), de Erich Von Stroheim, sobre um trio de pessoas que se arruina por causa de um prêmio de loteria, um tratado sobra, como o nome indica, a cobiça. São 239 minutos sobre o assunto. O filme é mudo e te prende atenção como poucos.
Cobiça também é o que move o filme de Paul Thomas Anderson. Não há mocinhos, não há bandidos, só sujeitos que querem ganhar uma grana e desfrutar do máximo de poder possível, sem pensar duas vezes antes de ferrar alguém. Um está disfarçado sob a áurea do trabalho esforçado, do empreendedorismo, do progresso. Outro está disfarçado sob o lençol protetor da religião. Ambos são quase primatas.
Daniel Day-Lewis assusta de tão bem que está, como o magnata do petróleo. Ele carrega o filme, mas não está sozinho. A direção de PTA mostra-nos como seria um western filmado por Kubrick. Os primeiros 20 minutos parece “2001 -Uma Odisséia no Espaço”, sem diálogos. E tem a música de Jonny Greenwood, o guitarrista da banda que você mais gosta, o Radiohead. O filme sem a música perderia uma enorme parte da sua força, da sua capacidade de prender o espectador. É perturbador. E o cidadão nem foi indicado ao Oscar. Bom, mas e daí?
Vá ver. Desde já é um clássico.
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Madonna estreou como diretora, você sabe. Seu filme foi apresentado em Berlim, no mesmo festival que deu o Urso de Ouro a “Tropa de Elite”. O nome da obra é “Filth And Wisdom”, sem tradução pro português.
A novidade é que Madonna não vai lançar o filme no circuito normal, porque acredita que fará sucesso por ser ela a diretora e não por causa da mensagem que quer passar. Sei lá qual é a mensagem dela, mas o filme é sobre o choque cultural de um imigrante ucraniano em Londres.
A saída da cantora/diretora é lançar o filme direto na Internet e nada mais. Provavelmente no iTunes.
Não sei qual vai ser a diferença, afinal as pessoas ainda vão ver o filme por causa da diretora.