VALCIÃN CALIXTO – MACUMBEIRO 2.0 (EP)

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Depois de Foda! (2016, leia e ouça aqui) e Nada Tem Sido Fácil Tampouco Impossível (2020, leia e ouça aqui), seus dois primeiros discos, Valciãn Calixto chega em 16 de agosto de 2021 com o EP “Macumbeiro 2.0”, de maneira independente.

“É um disco cem por cento terreiro, das letras à capa, aos samples e referências inspiradas por nomes da velha guarda como J. B. de Carvalho, Os Tincoãs, Tião Casemiro, Orquestra Afro-Brasileira aos youtubers macumbeiros como Bhetania Lemme (in memoriam) e ainda contemporâneo a artistas como Afroito e Majur”, afirmou Calixto, em comunicado à imprensa.

As sete faixas do EP foram criadas, compostas, arranjadas e executadas por Valciãn, que já havia apresentado “Exu Não É Diabo (Èsù Is Not Satan)” (clique aqui) e “Desmistificando Pombagira” (clique aqui).

Ele afirma, no mesmo comunicado, que o disco tem “cunho didático e pedagógico”, ao tocar “em pontos muitas vezes tabu, preconceituosos e racistas”, enquanto “analisa, reverencia e cultua a espiritualidade afroindígena fortemente presente nos terreiros, em especial, os do Norte e Nordeste do Brasil, onde a Pajelança, o Terecô, o Tambor de Mina e da Mata se cruzam com vertentes da Umbanda, Candomblé, Jurema e um cristianismo popular”.

É um achado pessoal, com mistura de ritmos (eu, que já frequentei na juventude inferninhos aqui no Sudeste e no Norte e Nordeste, me apertou o coração de saudades). Fala dele mesmo, um olha interno, fala pra muitos que seguem, acreditam, têm fé e pra tantos outros que admiram culturalmente as espiritualidades afrodescendentes.

Valciãn também discute “a incorporação de ferramentas tecnológicas do nosso tempo, como uso de celulares, lives, paredão de som, rádio ao dia a dia das macumbas, benefícios e cuidados que esses artifícios podem agregar”. Segundo ele, a capa do EP é uma representação disso, autoria de Eryka Alcântara, que também assina a produção e faz vocais de apoio.

A data de lançamento também é uma posição: 16 de agosto, uma segunda-feira, dia em que o Exu Tranca Ruas é homenageado e mês dedicado ao Orixá Obaluaê.

É um bom disco, sem dúvidas, pela versatilidade do autor, pela temática, pelas letras, pelas boas composições, mas ainda carrega os mesmos problemas dos trabalhos anteriores de Valciãn: a produção claudicante e sua voz limitada. Um produtor com mais, digamos, criatividade, elevaria essas boas canções pra bater fundo no peito, com batidas pesadas e equalização elegante.

Valciãn é duas vezes melhor em tudo, como ele mesmo clama no final, na essencial faixa-título. Disso ele não pode se preocupar: ele está produzindo e passando o seu recado. No Brasil de hoje, onde só o atraso vai pra frente, já é muito e digno de reverência. Escute o recado!

1. Fala Majeté (com Estamira, Bàbá King)
2. Exu Não É Diabo (Èsù Is Not Satan)
3. Pela Dor
4. Desmistificando Pombagira
5. Médium Ansioso
6. Reggae Dos Orixás
7. Macumbeiro 2.0 (com Pai Zé William)

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