Que TIM Festival, que nada! O lance agora é a contagem regressiva para o melhor festival do ano, pelo segundo ano seguido, o Planeta Terra. É dia 8 de novembro, daqui a dois sábados.
Em tudo, o Planeta Terra é melhor, mas principalmente no preço e na escalação das bandas. Parece que quem escolhe os artistas entende muito mais do assunto do que os desintonizados da empresa de telefonia – e não se cobra um absurdo pelo ingresso. Se isso não bastasse e se for como em 2007, a estrutura é também matadora na organização.
Se o TIM Festival só teve de interessante o The National, o Planeta tem pra todo gosto: Bloc Party e Kaiser Chiefs (público MTV quase adulto), Animal Collective e Offspring (MTV adolescente), Malu Magalhães (MTV filhotes e indies e metidos a moderninhos), Spoon e Foals (indies e nem tanto), Brothers Of Brazil (para quem gosta de umas risadas), DJs à rodo (para patrícias e maurícios e outros que gostam de pílulas), e The Breeders e Jesus & Mary Chain (pra quem gosta de música boa). É uma ótima escalação.
Apesar disso tudo, bastaria um motivo para você não perder o Planeta Terra: o Jesus & Mary Chain vem aí! E existem pelo menos 20 bons motivos para você não cair na besteira de perder esse show:
1. O J&MC é a banda que o Velvet Underground seria, se fosse dos anos 80.
2. O J&MC tem no currículo “só” “Psychocandy” e “Darklands”, dois dos maiores clássicos da música de todos os tempos, sendo um barulhento e o outro limpo.
3. Bobby Gillespie, o geniozinho à frente do Primal Scream, tocou em pé a bateria (um kit minúsculo) no primeiro disco, “Psychocandy”.
4. O Pixies fez poucas covers na sua carreira. Uma delas foi de “Head On”, do disco “Automatic”, de 1989.
5. Em “Head On”, há um dos versos mais bacanas do pop: “And the way I feel tonight/I could die and I wouldn’t mind/…/I’m taking myself to the dirty of town/Where all my troubles can’t be found”.
6. Eles não se contentam com uma só versão de suas próprias músicas. Basta ouvir “On The Wall”, “Taste Of Cindy” e “I Love Rock’n’Roll”.
7. A versão barulhenta de “Surfin’ USA”, dos Beach Boys.
8. A versão estranha de “Alphabet Street”, do Prince.
9. Colocaram a microfonia como parte da música e ficou bom demais. Depois de “Psychocandy”, microfonia não era mais sinônimo de erro. Ao contrário, era um recurso pra deixar o lance mais bacana.
10. O último disco é “Munki”, de 1998, mas ele poderia ter sido lançado em 2008 que ainda assim seria mais moderno que 98% das coisas que estão por aí.
11. Todos os seus discos, incluindo compilações, foram lançadas no Brasil. Em LP e em CD. E ainda são fáceis de achar.
12. Jim e William Reid, os irmãos núcleo do J&MC se odeiam, mas ainda assim formam uma dupla inigualável de compositores de simplicidade nas músicas e ingenuidade nas letras.
13. “April Skies” e “Happy When It Rains”, ambas de “Darklands” (1987), foram, acredite, hits de rádio em São Paulo e no Rio de Janeiro.
14. Eles estiveram no Brasil, em julho de 1990, e fizeram dois shows matadores no extinto Projeto SP.
15. “Se disser que lembro, estarei mentindo. Eu não me lembro de praticamente nada que aconteceu na minha vida neste período. Nesta época, eu estava constantemente sob efeito de álcool ou outra coisa, então não consigo dizer como foi. Sei que estive aí, que fui ao Brasil tocar, mas é só”. Essa foi a resposta dada por Jim à pergunta “você se lembra do primeiro show que fez no Brasil?”.
16. “É simplesmente um show de rock. Quem já ouviu nossos discos sabe como é. Vamos aí tocar nossas músicas, e espero que as pessoas gostem. Não tem nada de mais, nada diferente, somos nós no palco tocando rock bem alto”. Essa foi para pergunta clássica de como vai ser o show no Planeta Terra. Não poderia ser diferente.
17. Aprenderam direitinho com o Velvet como ser econômicos numa canção: estrutura simples, solo de guitarra perfeitamente encaixado na harmonia, refrões fáceis. Nada é exagerado.
18. São uma das bandas mais influentes de todos os tempos, mesmo sem serem originais. Suas influências (ou cópias, como quiser) são de gente do primeiro escalão, como Velvet Underground, Sex Pistols, Beach Boys, 13Th Floor Elevators, Neil Young, Stooges etc.
19. Seus primeiros shows, lá nos idos de 1984, duravam no máximo 15 a 20 minutos. Tocavam umas 10 músicas e era só o que dava pra agüentar, graças à barulheira ensurdecedora fabricada por pedais com defeito comprados no Japão. Os irmãos foram enganados na hora da compra.
20. Sua discografia é de seis discos. Todos irretocáveis: “Psychocandy” (1985), “Darklands” (1987), “Automatic” (1989), “Honey’s Dead” (1992), “Stoned & Dethroned” (1994) e “Munki” (1998). Além deles, há pelos menos três compilações de singles e raridades imperdíveis: “Barbed Wire Kisses” (1988), “The Sound of Speed” (1993) e “The Complete John Peel Sessions” (2000).
Amanhã, eu tento colocar alguns vídeos sensacionais deles.
Não vejo a hora…