WAGNER ALMEIDA – DOMINGOS À NOITE

Depois do elogiado “Crescimento​/​Desistência”, de 2018 (presente nessa lista aqui e entre os melhores discos de 2018), Wagner Almeida apresenta “Domingos À Noite”, seu segundo álbum.

“É um disco que fala sobre silêncios e distâncias, continuando o estilo narrativo de seu anterior”, diz no informe oficial. “No disco, Wagner Almeida conta novas histórias e fala mais sobre si mesmo e sobre suas relações com seus amigos e família. O álbum tem característica mais calma, contando com uma forte presença de violão, e contendo apenas uma faixa com bateria”.

De fato, “Domingos à Noite” é quase um disco “pra ninar”, musicalmente falando. A guitarra dedilhada é bonita e aconchegante. Mas não é suficiente pra captar o ouvinte. Não fosse a participação de Sentidor, em três faixas, especialmente em “Risco”, empregando certa fantasia ruidosa, a obra poderia ser encostada em algum canto inalcançável da memória. A voz de Almeida também não ajuda, e até incomoda – bem como a produção que forçosamente ressalta o aspecto “baixa-fidelidade” da gravação.

“Domingo”, um spoken word ao estilo visto pela “Geração Perdida” (que dá nome ao selo que lançou o disco), não comove, nem mesmo com as letras sensíveis e pessoais e mesmo as letras sendo um dos pontos positivos do trabalho, fazendo o ouvinte se debruçar nelas no ímpeto de abraçar a causa.

“É uma espécie de rock alternativo, que passeia pelo emo, slowcore, folk, indie (…). São gêneros distintos, porém, se ligam através da estética lo-fi do artista. As letras discorrem sobre momentos cotidianos e simples, trazendo uma carga emocional forte sobre os fatos. O jovem de 20 anos mescla situações de grande intensidade (como em ‘Risco’) com outros de sutileza (como em ‘Eu Não Vou Durar’). As influências passam pela sonoridade de artistas mais novos, como (Sandy) Alex G, Julien Baker, Frankie Cosmos e Gia Margaret, mas Wagner também bebeu da fonte de grandes compositores como Elliot Smith, Phil Elverum (The Microphones/Mount Eerie) e Mark Kozelek (Sun Kil Moon)”. A maçaroca de boas influências e estilos não salva o trabalho.

“Domingos À Noite” é disco muito pessoal e específico. Deve tocar especificamente uma faixa de idade correlata à do jovem. Almeida pode ser orgulhar nesse quesito, afinal falar algo relevante a alguém não é desprezível. Mas sua poesia já viu roupagem melhor e nem faz muito tempo.

A maior parte da gravação foi conduzida por Gabriel Elias, e algumas faixas foram gravadas em casa pelo próprio Wagner Almeida, com um celular Galaxy J5. A bateria (presente apenas em “Cocada”, executada por Silvia Fortini) foi captada por Fernando Bones, no Estúdio Pato. A mixagem e a masterização têm assinatura de João Carvalho.

O disco foi lançado dia 16 de maio de 2019, via Geração Perdida.

1. Silêncio/Distância (part. Sentidor)
2. O Cão E A Raposa
3. Risco (part. Sentidor)
4. Férias
5. Domingo (part. Luiz Alvim)
6. Cocada
7. Toda-Azul
8. Eu Não Vou Durar (part. Sentidor)

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