“Noites Infinitas” é o sexto álbum da Wry, banda de Sorocaba, interior de São Paulo, que humildemente se define assim: “influenciada pelo shoegaze e pós-punk, com canções em inglês e em português”.
É pouco, claro, pra definir o que a banda que fez “Direct”, de 1998, representou (e, de certa forma, ainda representa).
Mais importante é o esmero do grupo na produção (do próprio Mario Bross) e divulgação do trabalho. A régua é alta.
E a composição. As músicas aparentam uma igualdade, à primeira audição. E por isso é preciso ouvir e reouvir “Noites Infinitas”, o sucessor de “Whales, Sharks And Dreams”, de 2016 (ouça aqui), que também implorava por esse esforço.
Por exemplo, o carro-chefe em português “Morreu A Esperança” melhora a cada audição. E a sequência, com “I Feel Invisible”, que soa um tanto como se o Simple Minds ainda valesse a pena, é uma descoberta de texturas; bem como a dançante “Man In The Mirror”.
Entretanto, mais pós-punk do que shoegaze (quase nada de shoegaze), talvez exija demais do ouvinte, numa época de pouca boa vontade pra obras não consagradas e facilitadas. Lançada vinte e tantos anos atrás, “Noites Infinitas” talvez perigasse ser um sucesso radiofônico, com boa rotatividade na MTV. Hoje, é só mais um disco que a gente não vai dar a devida atenção.
A produção, como dito, é de Mario Bross. A mix e a master carregam assinatura de João Antunes.
Na apresentação oficial do disco, a banda descreve “Noites Infinitas” como a exploração de “temas de ansiedade, desespero e caminhos não convencionais em direção à esperança ao viver no mundo dividido de hoje”.
O lançamento é de 30 de outubro de 2020, pelas mãos da OAR (Overseas Artists Recordings).
01. Travel
02. Tumulto, Barulho E Confusão
03. Morreu A Esperança
04. I Feel Invisible
05. Man In The Mirror
06. Uma Pessoa Comum
07. Absoluta Incerteza
08. Weapon In My Hand
09. I Can Change
10. Desculpe-me Por Ser Assim
A foto que abre o artigo é de autoria de Ana Erica.